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“É possível sim prever eventos climáticos extremos” afirma climatologista em entrevista à RPI

29 de setembro de 2023

A reportagem da Rádio Progresso conversou com o professor de Climatologia e Oceanografia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e diretor substituto do Centro Polar e Climático da mesma instituição, Francisco Eliseu Aquino, sobre os eventos climáticos extremos vividos no RS nos últimos meses. O estado viveu, no início de setembro, a maior tragédia climática desde 1959, quando dezenas de pessoas morreram. Questionamos o professor se eventos como esse poderiam ser previstos ou evitados.

Para o especialista, esses eventos poderiam sim ser evitados. “É possível prever os eventos extremos, os modelos meteorológicos, matemáticos, numéricos atuais, no mundo e no Brasil, já antecipam eventos extremos. Pode ser sistemas convectivos com precipitação extrema, uma onda de frio, uma onda de calor, um ciclone extratropical intenso etc. Isso é previsível” afirma. Além disso, para o especialista em clima, a posição do Rio Grande do Sul, a circulação atmosférica característica da nossa região, toda ela está sendo influenciada com as mudanças do clima. Então, esses eventos que já aconteciam seguirão acontecendo e estão potencializados.

O professor também foi questionado sobre a onda de calor que passa pela nossa região. Ele afirma que esse ano é um ano anomalamente quente, com recordes de temperatura no planeta, inclusive na América do Sul, em junho, julho e agosto, e mais o El Niño, que favorece a formação de ciclones extratropicais e intensificação das chuvas no Rio Grande do Sul.  A combinação do planeta quente e do El Niño cria o cenário favorável a isso.

“Portanto, mesmo que eu não atribua a mudança climática num evento específico ou neste evento recente específico, eu tenho que considerar que a atmosfera está mais aquecida, os oceanos mais aquecidos, e eles aproveitam a existência dos fenômenos metrológicos e tendo a condição, eles vão se tornar mais extremos” afirma.

Por fim, o professor menciona que está evidente que os sistemas de alertas antecipados, que é uma agenda internacional para que o maior número de países aprimorem, seja também um esforço no Brasil. “Isso requer ciência e tecnologia que nós temos, isso requer investimento, isso requer que políticas públicas incentivem essas condições”. 

Fonte: RPI/ Foto: Divulgação Ufrgs