As diretorias estatutária e administrativa do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) participaram de reunião com o Executivo de Ijuí na manhã de hoje, 12. O encontro, articulado pelo presidente do Legislativo municipal, Matheus Pompeo de Mattos (PDT), que tem se somado à Instituição de Saúde, na busca por alternativas, também contou com a participação do Estado, representado pela diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada, Lisiane Fagundes, com o diretor de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Eduardo Eslade, e pela titular da 17ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Janaína da Silva.
Com o objetivo de apresentar dados da linha de cuidado Materno-Infantil e buscar um entendimento junto ao Executivo local para viabilizar novo convênio na prestação de serviços, o diretor-geral do HCI, Jeferson Machado Pereira, destacou a importância de aporte de recursos por parte dos Municípios, em especial de Ijuí, que corresponde por 70% dos atendimentos realizados via SUS, para dar continuidade a serviços que historicamente vêm gerando déficit financeiro à Instituição – a exemplo da Maternidade.
A presidente do Conselho Municipal de Saúde (Comus), entidade integrante do Conselho Propositivo do HCI, Luciane Sarturi Antes, pediu mais informações sobre os atendimentos, e enfatizou a importância da Instituição. “Precisamos do HCI”, disse. “Estamos à disposição, sempre. Os números são públicos, mas não há milagre, e não se trata de uma questão política, mas matemática. O HCI não está pedindo dinheiro para ninguém e nem que paguem a sua conta, apenas que seja encontrada uma solução para um problema real”, acrescentou Jeferson.
Afirmação corroborada pela diretora voluntária Liane Copetti Ghisleni. “Jamais falamos em fechar qualquer serviço e também não estamos pedindo para a prefeitura pagar nossas dívidas, isso está fora de cogitação. Estamos somente buscando uma participação junto ao Executivo municipal, visando aporte financeiro para que o HCI consiga fazer frente à demanda, que só cresce, enquanto que os recursos não acompanham. Nossa diretoria busca o melhor para o Hospital, estamos trabalhando voluntariamente para isso, nem por um momento se pensa em deixar nossa população desassistida, e é por esse motivo que estamos todos os meses lidando com déficit. O HCI está fazendo sua parte, mas precisamos que os Municípios também façam as suas.”
Diretora da SES, Lisiane ponderou sobre as responsabilidades do HCI, enquanto Instituição que atende aos pacientes do SUS, e pontuou que é de seu entendimento que os Municípios devem aportar recursos aos hospitais.
Jeferson salientou ainda que o HCI, embora esteja localizado na cidade de Ijuí, presta atendimento regional, sendo referência a uma população que chega a dois milhões de habitantes, conforme contratualizado com o Estado, sendo esta inclusive uma exigência legal para ser um Hospital do SUS. Pontuou ainda que, há cerca de três meses, a Instituição de Saúde tem atendido no limite de sua capacidade, e que jamais foi negado atendimento a qualquer paciente, sendo que os leitos são direcionados pela Central de Regulação do Estado, que indica aos Municípios em quais hospitais há vagas disponíveis.
Pompeo destacou que o Legislativo, também representado na reunião pelos vereadores Rodrigo Noronha (PP) e Marildo Kronbauer (PDT), tem o intuito de trabalhar toda essa problemática buscando alternativas para amenizar os problemas enfrentados pelo HCI, que também lida com a redução no quadro de médicos pediatras. Janaína da Silva observou que essa não é uma exclusividade do Hospital de Ijuí. “A falta de pediatras é algo nacional”, disse. A coordenadora também sugeriu a ampliação da capacidade de atendimento via SUS, em Ijuí. “O HCI não tem capacidade para atender sozinho a toda a população, porque está sempre lotado, precisamos pensar em ter mais uma porta de entrada, ou na cidade ou em nossos hospitais referenciados na região.”
Segundo Pompeo, mesmo que sejam somados todos os recursos repassados via SUS, as emendas parlamentares e os benefícios fiscais descontados por ser uma Instituição filantrópica, os custos do HCI são superiores a sua receita. “A conta não fecha. O Hospital vem há anos agonizando, daqui a pouco [a responsabilidade em oferecer os serviços em Saúde] vai cair no colo da Administração municipal, e o problema será maior. Tem que ter um meio termo.”
O presidente do Legislativo acentuou ainda que tem estado presente no cotidiano do HCI, o que lhe permite opinar e atestar a seriedade e comprometimento da atual diretoria voluntária com o trabalho realizado dentro da Instituição, visando unicamente sua sustentabilidade e a oferta de serviços cada vez mais qualificados à população.
Também participaram do encontro, representando o HCI, os diretores voluntários Sandro Viecili, Carlos Alberto Scapini e Evaldir Walker; o diretor administrativo, Marcelo Canazaro; e os assessores jurídicos, Guilherme Turela e Valmor Alievi.