A pouca qualidade do trigo da safra deste ano, registrada em grande parte das lavouras do Rio Grande do Sul, vai repercutir diretamente nos moinhos. Isso porque, a indústria moageira precisa do cereal com certo nível de qualidade para produção de farinha. Porém, o excesso de chuva neste período de colheita causa grande quebra no produto.
Segundo o escritório regional da Emater, com sede em Ijuí, nos municípios mais próximos de Ijuí, onde os volumes acumulados de chuvas foram os maiores da região, a qualidade do trigo colhido é muito inferior, com PH abaixo de 70. O ideal é PH em cerca de 78 para mercado e consumo humano.
Para o presidente do Sinditrigo do Rio Grande do Sul – Sindicato da Indústria do Trigo – Cláudio Furlan, existe muita apreensão dos moinhos quanto ao cereal que vai ser disponibilizado. Ele não arrisca fazer avaliação mais exata dos reflexos do trigo desta safra para o segmento moageiro, pois especialmente a região nordeste gaúcha tem cereal para colher. No entanto, Furlan enfatiza que o trigo bom vai ser adquirido pelos moinhos. Mas também, destaca que muito do cereal vai servir apenas para ração.
Por ano, os moinhos do Rio Grande do Sul moem cerca de dois milhões de toneladas de trigo. Em torno de 30% é importado, porque o território gaúcho não produz todo o montante necessário. Diante disso, entra trigo, principalmente, da Argentina e do Estado do Paraná. O problema é que o Paraná, em 2023, também constata prejuízos no cereal, portanto, a grande alternativa é a Argentina.
Ontem pela manhã, o presidente do Sinditrigo RS ampliou esses assuntos durante entrevista no programa Progresso Rural da RPI. Cláudio Furlan ainda abordou a necessidade de avanço das pesquisas para ter trigo mais resistente às intempéries e doenças, por exemplo, a giberela, que pela alta umidade, neste ano se espalhou pelas lavouras gaúchas e é um dos fatores da pouca qualidade do cereal. Ele acredita que se esses estudem evoluírem, em pouco tempo o Rio Grande do Sul poderá ser autossuficiente na produção do cereal.
Furlan, que é proprietário dos Moinhos Galópolis, em Caxias do Sul, também falou no Progresso Rural de ontem dos reflexos que podem acontecer para o consumidor, visto que o setor moageiro está sujeito às regras de mercado, portanto, quando há menos matéria-prima local e necessidade de importação, o preço da farinha pode aumentar.
O Progresso Rural vai ser reprisado no programa Companhia da Noite, hoje, a partir das 22 horas. O Progresso Rural ainda tem a participação da deputada federal, pelo PP de Minas Gerais, e presidente Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite, Ana Paula Leão, que aborda o 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite”. A Frente atua para criar um plano nacional para o setor leiteiro, por exemplo, compras públicas com a inserção permanente do leite nos programas sociais do governo federal e mecanismos para frear importação de leite ou produtos subsidiados. Abaixo, confira a entrevista com Cláudio Furlan: