Os laços entre duas irmãs ijuienses ficaram ainda mais fortalecidos graças a um transplante de rim realizado no Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), em março. O procedimento só foi possível após inúmeros exames, que confirmaram a compatibilidade de órgãos entre Thalia Karlinski Cargnelutti, de 26 anos, e a doadora, Carlise Karlinski Cargnelutti, de 41 anos.
Diabética desde os 10 anos, Thalia apresentou, em 2017, o diagnóstico de pielonefrite complicada, uma infecção renal sintomática grave, levando à perda funcional de um de seus rins. Cinco anos depois, por complicações do diabetes, o outro órgão também entrou em falência. Em junho de 2023, ela iniciou o tratamento de hemodiálise.
“Quando eu entrei na fila para o transplante, o médico perguntou se eu teria algum parente que poderia ser o meu doador. Os meus pais já têm uma idade mais avançada, então a minha irmã disse que, se fossemos compatíveis, ela faria isso por mim. Quando veio o resultado do exame começamos o processo para fazer o transplante, sempre apoiando uma à outra”, conta Thalia.
Para Carlise, o transplante foi uma oportunidade de devolver a normalidade à vida da irmã mais nova:
“Me sinto muito feliz porque eu doei uma parte de mim a uma pessoa que amo e que precisava dessa cirurgia para voltar a ter uma vida normal. Ela é uma guerreira e penso que também sou. Fiz isso pelo amor que temos uma pela outra”, avalia.
O procedimento
Uma das responsáveis pelo transplante, a médica nefrologista do HCI, Helena Martins Balbé, explica que, a partir do momento em que o indivíduo doa um rim em vida, torna-se um paciente renal crônico. “As funções renais do doador vivo podem ser realizadas de forma normal por um único rim. Mas, como ele fica com um único órgão, precisa de acompanhamento contínuo do nefrologista. Já o receptor, terá remédios imunossupressores prescritos para diminuir a chance de rejeição”.
A médica comemora o sucesso do procedimento e do pós-operatório, já que ambas tiveram alta poucos dias após o transplante. “Correu tudo muito bem. Estamos muito felizes com esse transplante, e por saber o quanto nosso trabalho é capaz de impactar na vida das pessoas”.
“Minha recuperação foi rápida, fui muito bem atendida no HCI. Os médicos são muito queridos e o pessoal da hemodiálise diz sentir falta das minhas risadas lá dentro. Mas, agora é vida nova, senti um pouco de medo de não dar certo, mas deu e eu estou muito feliz”, comemora Thalia.
Fizeram parte do procedimento de transplante renal a equipe liderada pelos médicos nefrologistas Douglas Prestes Uggeri e Helena Balbé, composta pelos cirurgiões vasculares Ana Lúcia Caetano, Vinicius Corrêa Pires, Alencar Proença e Fábio Silva, e pelos urologistas Gilnei Penno e Leonardo Bandeira. O tratamento e o procedimento foram realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).