Para a Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul, o decreto assinado ontem pelo governo gaúcho que proíbe incentivos fiscais para empresas que importam leite, é uma medida que protege a produção primária.
Durante entrevista hoje pela manhã na RPI, o presidente do sistema Ocergs, Darci Hartmann, disse que o governo federal também já adotou situação semelhante, com exclusão de PIS e Cofins para empreendimentos que compram leite de outros países. Frisou que nenhuma cooperativa gaúcha importa leite em pó.
Comentou que o grande problema está na triangulação, ou seja, leite em pó oriundo, por exemplo, da Nova Zelândia, que chega até Uruguai e Argentina, após, ao Rio Grande do Sul. Na mesma entrevista na Progresso, o presidente da Ocergs observou que os produtores de leite do Estado precisam se profissionalizar cada vez mais e aumentar o volume de produção, para barganhar melhor preço por litro. E isso pode ocorrer, inclusive, em pequenas propriedades, até porque, na agricultura familiar muitas vezes é mais rentável investir em leite do que soja, trigo e outros grãos.
Mas, para ajudar os agricultores, Darci Hartmann entende que é preciso estipular custo diferenciado para produtos destinados à área leiteira, por exemplo, fertilizantes com menor preço, como acontece na Argentina e Uruguai.
Hartmann concorda com a sugestão do governo gaúcho, para que a União reveja acordos com o Mercosul, com isso, proteger melhor o produtor do Rio Grande do Sul. Porém, esclarece que esse sistema bilateral é vantajoso para alguns setores da economia brasileira, por exemplo, linha branca, que é a produção de eletrodomésticos e outros, ainda indústria eletrônica.
O problema é que no caso da Argentina, nessa troca, o vizinho país vende para o Brasil produtos primários e, geralmente, o Rio Grande do Sul é o primeiro Estado a receber essas mercadorias, visto a fronteira.