“Essa aqui é a Natasha. Quatro anos de idade. Uma menina linda, querida por todos”, iniciou a influenciadora Daniela Lassen em um vídeo publicado nesta quarta-feira (26) em seu Instagram. No relato, a criadora de conteúdo falou sobre o que considera um caso de negligência médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ijuí, que teria resultado na morte de Natasha Vitória da Silva Rieger, que completou 4 anos no último dia 11 de junho.
Segundo Daniela, que é amiga da família de Natasha, a mãe da menina levou ela duas vezes à UPA e foi mandada embora sem que fossem realizados exames de sangue ou de imagem, apenas um teste de Covid. “Ela [Natasha] foi levada duas vezes, as duas vezes ela não tinha nada. A mãe foi e levou uma terceira vez, aí na terceira vez acharam uma médica que resolveu fazer um raio-x”, expôs a influenciadora.
Com o resultado do raio-x, a médica diagnosticou Natasha com pneumonia grave e a encaminhou para o Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), onde foi estruturada uma “mini UTI”, de acordo com o relato, uma vez que o HCI não possui Unidade de Terapia Intensiva pediátrica. Do HCI, Natasha foi encaminhada para um hospital em Santa Maria, que é referência para a região de Ijuí, onde ela faleceu nesta quarta-feira (26). “Apesar de não ser referência no atendimento pediátrico de alta complexidade, o HCI não mediu esforços para atendê-la, desde o seu ingresso na instituição, no dia 16 de junho, até a sua transferência para Santa Maria, no dia 18, conforme autorização do Sistema Estadual de Regulação de Leitos”, afirmou o HCI em nota.
No vídeo, Daniela pede justiça por Natasha e se diz indignada com o atendimento médico recebido na UPA. “A minha tristeza é a negligência médica. Gente, ela levou três vezes a Natasha. Se na primeira vez tivessem resolvido, se na primeira vez tivessem feito um raio-x, um exame. Eu fico indignada com a negligência médica, porque vocês sabem que a Natasha foi mais um caso, mas ela não é o primeiro caso. Então assim, até quando isso vai acontecer?”, questionou.
Ela seguiu dizendo que não interessa se o médico que mandou Natasha embora estava ou não em um bom dia. “Se ele escolheu essa profissão, ele tem que servir a essa profissão, ele tem que cuidar. Eu não vou expor o nome do médico aqui, porque não vem ao caso porque ele não vai trazer ela de volta. Só que ele poderia ter evitado isso”, afirmou Daniela.
Procurada pela reportagem da Rádio Progresso, a mãe da vítima declarou que deseja se manifestar, mas em momento futuro, uma vez que o fato ainda é recente.
Pronunciamento da Administração Municipal
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) se pronunciou através de uma Nota de Esclarecimento compartilhada na manhã desta quinta-feira (27) em suas redes sociais. Na publicação, a Gestão Técnica da UPA afirma que Natasha teria sido atendida apenas duas vezes na Unidade, sendo encaminhada ao HCI já na segunda vez.
Na primeira vez, no dia 13 de junho, após passar por avaliação médica, a paciente teria sido medicada e recebido alta por não haver sinais de alarme. “Na ocasião foi orientado sobre a necessidade de retorno em caso de piora clínica ou aparecimento de novos sintomas”, afirmou a nota.
Ainda conforme a pronunciamento, no dia 15 de junho a criança retornou para a UPA com sinais de alarme, recebeu atendimento médico, realizou exame de raio-x e de sangue, foi medicada e ficou em observação, ocasião na qual a equipe médica solicitou transferência para o HCI. “A criança permaneceu em tratamento na UPA, sob os cuidados da equipe médica e de enfermagem, sendo transferida para o HCI na manhã do dia 16 de junho”, declarou a Gestão Técnica da UPA.
Também procurado pela RPI o secretário de Saúde, Marcio Strassburger, afirmou que a SMS irá se manifestar apenas através da nota. “É uma infelicidade imensa… Muito sofrimento para todos… Imagina a família”, disse ainda.
Confira a nota da Prefeitura na íntegra
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Unidade de Pronto Atendimento de Ijuí – UPA lamenta profundamente e se solidariza com família da criança falecida nesta quarta-feira, 26 de junho, internada em Santa Maria.
A paciente foi atendida na UPA no dia 13 de junho, passou por avaliação médica, foi medicada e recebeu alta por não haver sinais de alarme. Na ocasião foi orientado sobre a necessidade de retorno em caso de piora clínica ou aparecimento de novos sintomas.
No dia 15 de junho a criança retornou para UPA com sinais de alarme, recebeu atendimento médico, realizou exame de raio-x e de sangue, foi medicada e ficou em observação. Equipe médica solicitou transferência para o Hospital de Clínicas de ljuí.
A criança permaneceu em tratamento na UPA, sob os cuidados da equipe médica e de enfermagem, sendo transferida para o HCI na manhã do dia 16 de junho.
Permaneceu no HCl até o fim da tarde do dia 18 de junho sendo transferida pelo SAMU para Santa Maria, onde ficou até o dia 26 de junho.
A UPA reafirma seus votos de pesar e respeito aos familiares.
Se coloca à disposição para qualquer informação. Paralelamente está realizando a verificação dos prontuários médicos.
Gestão Técnica da UPA