A recuperação dos solos no Rio Grande do Sul, prejudicados pelas recentes chuvas e enchentes, é um dos grandes desafios que une os governos federal, estadual e municipais, além de entidades e universidades.
O diretor do Departamento de Defesa Vegetal da secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Ricardo Felicetti, ressalta que existe muita diversidade nesses danos, conforme o que já foi possível levantar no trabalho a campo, que é realizado por órgãos governamentais, Emater, Embrapa, Senar, IRGA – Instituto Riograndense do Arroz, dentre outros.
Por exemplo, no que se refere às lavouras, Felicetti destaca que em regiões mais afetadas pelas enxurradas houve perda acentuada de elementos químicos, fertilidade e cobertura de solo. Além disso, teve destruição de mata ciliar, nesse último caso, especialmente em beiras de rios. Nesses casos, Ricardo Felicetti acredita que vão ser necessários cerca de 10 anos para que o solo volte ao normal.
Os locais mais prejudicados estão situados nas regiões do Vale do Taquari, Vale dos Sinos, Central, Serra e Metropolitana de Porto Alegre. Porém, em outras áreas gaúchas, por exemplo, região de Ijuí e locais vizinhos, o solo foi menos prejudicado pela chuvarada e apenas uma recomposição da fertilidade das lavouras será suficiente.
Felicetti abordou o assunto, ontem, às 6 horas e 30 minutos, durante entrevista no programa Progresso Rural da RPI. Ele observou o apoio científico que é dado por universidades a fim de ter embasamento técnico para melhoria do solo. Ainda não há formato definido para essa recuperação, no entanto, o representante da secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul frisa que uma das medidas será a utilização da agricultura de baixo carbono, ou seja, técnicas de conservação de solo, integração lavoura-pecuária-floresta, melhor uso de recursos como água e nutrientes, num foco em sustentabilidade.
O estudo feito até o momento indica que aproximadamente 3 milhões e 200 mil hectares foram danificados pelas fortes chuvas, o que exige em torno de 6 bilhões de reais para recompor a fertilidade. O foco principal na melhoria do solo está nos municípios situados na área de mancha das enchentes, ou seja, aqueles em situação de calamidade pública e emergência. Felicetti comenta que existem muitas particularidades entre as propriedades, ou seja, diferença nos danos e nas necessidades de recuperação.
No Progresso Rural de ontem pela manhã, Ricardo Felicetti abordou o atendimento emergencial com alimentos para as famílias e animais nos municípios mais afetados pelas enxurradas, inclusive com apoio financeiro, porque as atuais safras estão prejudicadas. Abaixo, confira a entrevista com Ricardo Felicetti: