Além de aguardar novos anúncios do governo federal que possam minimizar os prejuízos causados pelos recentes problemas na agricultura, produtores do Rio Grande do Sul já se concentram em Porto Alegre para o movimento SOS Agro RS, que vai acontecer amanhã.
A concentração ocorre no parque Harmonia. Haverá presença de tratores, que chegam desde segunda-feira na capital gaúcha. A ideia é contar com agricultores familiares, médios e grandes produtores de várias regiões do Estado.
Durante entrevista hoje pela manhã na RPI, uma das organizadoras da manifestação, Graziele de Camargo, comentou que depois das recentes chuvas e enchentes, não há saída para muitos produtores se não for apoio da União. Para hoje é aguardada novas normas que regulamentem a Medida Provisória do governo federal divulgada quarta-feira passada, que já trouxe alguns parâmetros para ajudar os agricultores, mas que na visão da classe não ficou muito clara quanto a prazo para postergação de débitos e juros e tem bastante burocracia.
Graziele de Camargo ressaltou, por exemplo, que a MP não esclarece direito quem pode acessar renegociação de dívidas ou outros critérios. Observou que é solicitado a deputados federais e senadores que façam emendas à MP. O SOS Agro solicita prorrogação de débitos agrícolas por 15 anos, com dois anos de carência e juro de 3%. Também se espera Medidas Provisórias em benefício de cooperativas, empresas e cerealistas, visto que muitos produtores estão endividados com esses segmentos.
Graziele de Camargo lembrou que em 15 dias começa nova safra, ou seja, plantio de milho e arroz, e os agricultores precisam se capitalizar para compra de insumos. Os tratores que chegarem amanhã na capital gaúcha para a mobilização, entrarão na cidade entre 3 e 6 horas da madrugada para não atrapalhar o trânsito, com direcionamento para a orla do Guaíba. A manifestação vai iniciar às 9 horas, com término às 15 e 30.
Um dos principais momentos vai ser deslocamento até a superintendência do Ministério da Agricultura para entregar novamente pauta já repassada à União dia 4 do mês passado. Além de renegociação de dívidas rurais, o documento pede anistia de débitos para agricultores que perderam tudo com a enchente de maio, ainda auxílio de um salário mínimo por seis meses para essas famílias, também linha de crédito para reconstrução.
Na mesma entrevista hoje pela manhã na Progresso, Graziele de Camargo alertou que a partir de sexta-feira a manifestação do SOS Agro vai se concentrar em municípios do interior do Rio Grande do Sul, com término apenas quando o governo federal atender as solicitações.
E hoje, a meia-noite, um grupo de produtores de Santo Augusto e Nova Ramada vai partir para Porto Alegre num micro ônibus para integrar a manifestação. O coordenador desse grupo, Nilton Wengrat, comenta que são agricultores de grãos, piscicultura e leite também prejudicados pelas recentes estiagens e enchentes. Porém, os produtores de Santo Augusto e Nova Ramada não participarão com maquinários.
Nilton Wengrat comenta que o SOS Agro pede melhorias, não apenas devido às recentes enxurradas, mas também visto as últimas estiagens. No caso da piscicultura, os produtores ainda querem flexibilização de leis ambientais para implantação de açudes. Ontem e segunda-feira, o grupo de agricultores da região de Santo Augusto e Nova Ramada realizou manifestação do SOS Agro à beira da ERS 155, localidade de Macieira, com utilização de tratores. Outros municípios gaúchos também tiveram mobilizações nesta semana.