Entre os 20 municípios atendidos pela 17ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), com sede em Ijuí, são mais de 2,5 mil pacientes que aguardam na fila de espera por procedimentos na área de traumatologia. A informação foi confirmada pelo titular da 17ª CRS, Marco Atkinson.
Em entrevista à Rádio Progresso, o coordenador mencionou as recentes ações conjuntas entre os órgãos de saúde de Ijuí e região na busca por diminuir a fila. Segundo Atkinson, existe uma divisão no que se refere aos casos de média e alta complexidade na região: os de média complexidade têm como referência o Hospital de Clínicas Ijuí (HCI) e o Hospital de Crissiumal. Já os casos mais graves – aqueles classificados como alta complexidade – são encaminhados ao Hospital São Vicente de Paulo e atendidos pela regional de Cruz Alta.
Contudo, as duas casas de saúde que hoje são referência à regional de Ijuí não dão conta de atender a demanda. Segundo o titular da 17ª CRS, a pandemia da Covid-19 contribuiu muito para o agravo da situação, já que todas as cirurgias eletivas, isto é, aquelas consideradas não urgentes, foram suspensas por um longo período. A situação se repetiu recentemente após as enchentes, que também refletiu no atendimento dos hospitais da região.
Além disso, segundo Marco Atkinson, o HCI é referência também para casos de urgência e emergência de toda regional, que compreende cerca de 230 mil habitantes, ou seja, há uma incidência muito grande nesse tipo de atendimento, o que acaba suprimindo a fila de eletivos.
A ijuiense Marlei Weinberg é uma das milhares de pacientes que aguardam na fila. Em entrevista à RPI, ela relatou que desde 2019 espera por uma cirurgia no joelho. Ao longo desses quase cinco anos, foram inúmeras viagens até Unidades de Saúde, além de consultas com diferentes profissionais. Agora, Marlei aguarda pela cirurgia, que, ao que tudo indica, será feita no hospital de Crissiumal. “Chega ser humilhante. Você sente dor e precisa aguardar tantos anos sem qualidade de vida, a gente acaba acostumando a viver com dor”, lamenta Marlei.
Na busca por diminuir essa demanda, a pauta foi debatida na última reunião mensal com todos os prefeitos da Amuplam e alguns representantes da Amuceleiro. Na ocasião, foi criada uma comissão para dar agilidade ao tema, o que resultou em um recente encontro com a secretária Estadual de Saúde, Arita Bergmann. Ela sugeriu que o Hospital Bom Pastor de Ijuí também passe a ser referência em casos de média complexidade.
“Isso parte de uma contratualização. O estado oferece o contrato e os hospitais podem ou não assumir esse serviço. Isso está em tratativas atualmente com a direção do hospital. Nós apresentamos a situação e eles nos apresentaram um orçamento, um projeto de valores que seriam necessários para que eles pudessem nos auxiliar nessa demanda”, afirma Marco Atkinson. Segundo ele, a 17ª revisou a proposta e solicitou que o Bom Pastor reveja alguns valores para que haja uma negociação.
“Também precisamos lembrar que os valores ofertados na tabela SUS não atraem muito as casas de saúde. Pra elas não é interessante trabalhar com déficit, ou seja, realizar, por exemplo, uma cirurgia que vai custar mais do que o valor que será recebido pelo hospital. Essa é uma grande preocupação”, cita o coordenador. Além disso, Atkinson afirma haver outro problema: muitos pacientes são chamados para as consultas depois de um longo tempo de espera, mas acabam não comparecendo, prejudicando os demais.