Responsável por mais de 95% do faturamento da Expointer, o setor de máquinas e equipamentos, que ocupa uma das maiores áreas do parque Assis Brasil, foi um dos espaços mais concorridos neste sábado (24/8), primeiro dia da feira agropecuária. O local reúne cerca de 130 empresas, a mesma quantidade da edição anterior, muitas delas com sede no Rio Grande do Sul, Estado que concentra 70% da produção do segmento no país. A grandiosidade das máquinas expostas, cada vez mais equipadas com inovações tecnológicas, atraiu a atenção dos visitantes.
Destaque na agricultura de precisão, os drones para pulverização de defensivos e semeadura continuam no topo das inovações. A novidade desta edição da feira é a instalação de repetidores de sinal nos equipamentos, ferramenta que aumenta a precisão na aplicação dos insumos. Com a evolução, especialistas estimam uma margem de erro de até 5 centímetros no local da aplicação – antes, a chance de equívoco podia chegar a 5 metros em alguns casos.
Utilizados em culturas como soja, milho e arroz, os drones também proporcionam um ganho de tempo na aplicação de insumos e aumentam a produtividade no campo. Os novos modelos, que ganharam mais estabilidade de voo com o aumento do número de hélices, evitam o amassamento das plantações, um problema comum em cultivos estreitos quando se utiliza a aplicação mecanizada.
Uma das inovações lançadas nesta edição da Expointer é um implemento agrícola que combina as operações de manejo do solo e semeadura, atividades tradicionalmente realizadas de forma separada. Acoplados ao trator, os rolos podem ser instalados na frente e na traseira do veículo, o que permite a realização simultânea das duas tarefas, reduzindo o tempo de execução. Além de aumentar a produtividade, a inovação, utilizada principalmente em lavouras de sementes de inverno, como trigo, diminui o custo operacional das propriedades rurais.
Outra novidade, voltada para a pecuária, é o tanque para manejo de dejetos de animais, que são usados como adubo orgânico no plantio de alimentos para o rebanho. A inovação apresentada na feira é a automatização do carregamento do tanque, que antes era feito manualmente. Agora, o operador pode executar todo o serviço diretamente da cabine, o que eleva a produtividade da operação em até 15%. Na prática, isso representa quatro carregamentos diários a mais de adubo orgânico, que é um insumo mais competitivo em relação às opções químicas. Além da automatização, o tanque teve sua capacidade de armazenamento ampliada para 20 mil litros.
Momento de retomada
O setor de máquinas e equipamentos foi duramente afetado pelas enchentes no Estado. Em maio, no auge das inundações, a indústria metalomecânica, que baliza a capacidade de produção do setor, registrou uma queda de 44% nas vendas – uma perda superior a R$ 3 bilhões em relação a abril. Na Expointer, porém, o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers), Claudio Bier, enxerga uma oportunidade de recuperação.
“As indústrias estão com boas expectativas de vendas, e nossa meta é atingir, pelo menos, os mesmos números da última edição, apesar dos juros elevados e dos estoques nas revendas”, pondera. “Apesar de todas as adversidades enfrentadas após as enchentes, estamos confiantes. As expectativas são muito boas, pois realizar esta grande feira, que foi severamente impactada pelas inundações, é uma grande vitória. Reconstruímos tudo e estamos prontos para receber as indústrias e o público da melhor forma possível”, enfatiza Bier, que também é presidente da Federação das Indústria do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Para o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Clair Kuhn, a feira pode ser um impulso para a retomada das vendas em um setor fundamental para a expansão produtiva. “A realização da Expointer neste ano nasceu desse entendimento unânime entre as entidades da necessidade de a feira ocorrer neste contexto, como ponto de partida para a retomada econômica do Rio Grande do Sul. O setor de máquinas e implementos agrícolas é extremamente importante e as expectativas são grandes para esta edição, mas estamos cientes das dificuldades que nossos produtores vêm enfrentando”, destaca.
Líder na produção de máquinas e implementos agrícolas no Brasil, o Rio Grande do Sul concentra cerca de 65% das indústrias do segmento. O setor ainda gera mais de 29 mil empregos diretos e outros 100 mil indiretos no Estado.