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Professor da UFRGS aponta três pontos vulneráveis a enchentes em Porto Alegre

4 de setembro de 2024

Medidas emergenciais contra enchentes foram abordadas na edição desta quarta-feira do Tá na Mesa, na Federasul, em Porto Alegre. Um dos convidados pela entidade foi o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, Fernando Dornelles, doutor em recursos hídricos e saneamento ambiental. Em sua apresentação, o professor identificou três pontos vulneráveis, que precisam ser solucionados para mitigar efeitos de uma possível nova enchente em Porto Alegre. A primeira delas é no acesso a Capital pela Assis Brasil, próximo a divisa com o município de Cachoeirinha.

Naquele local, Dornelles aponta que a avenida “fura” a free-way, que é uma rodovia que funciona como dique no sistema de proteção de Porto Alegre. O professor sugere, por exemplo, a colocação de uma comporta móvel que fechasse a via ou alças de acesso que protegessem o ponto, evitando que a água do Rio dos Sinos avance no local, próximo à Fiergs. Outra vulnerabilidade está em mais uma avenida da capital dos gaúchos. É um ponto da Ernesto Neugebauer, onde passam os trilhos do Trensurb, local por onde a água passou e inundou parte da cidade no evento climático de maio. Por fim, o terceiro ponto fica na região central da cidade próximo à Usina do Gasômetro.

Fernando Dornelles explica que um sistema de proteção de cheias, como há em Porto Alegre, cria uma área protegida chamada de pôlder. O professor entende que a não ocorrência de cheias do Guaíba durante praticamente 50 anos resultou em “um período de esquecimento” e uma baixa percepção de risco. Por isso, o doutor em recursos hídricos do IPH sugere que seja criada uma data no calendário para que todo ano o evento seja relembrado e assim a população não “esqueça” o risco: “Não deve ser normal você tomar um chimarrão dentro de um pôlder”, diz.

Dornelles conclui que é necessário aprimorar a comunicação de alertas e a criação de um plano de contingência para áreas protegidas. Isso inclui também adaptar edificações, que precisam ter “pavimentos alagáveis” e que contenham equipamentos que possam ser facilmente removidos, para um andar acima por exemplo. O professor usa como exemplo o Museu do Louvre em Paris, que está em um ponto a ser atingido por uma cheia do Rio Sena. O Museu tem um protocolo que é acionado, em caso de alerta, onde todas as obras em pavimentos alagáveis são colocadas em um lugar seguro, por isso quem trabalha no local precisa sempre relatar onde está, porque mesmo na folga ou em férias pode ser convocado para auxiliar no manejo das obras. Além de elevar diques e modernizar sistemas de bombas, entre outras medidas, Fernando Dornelles ressalta que a segurança pública também precisa ter um plano para evitar saques e vandalismo, pois muitas pessoas tiveram de ser resgatadas por receio de deixar suas casas vulneráveis a criminosos.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí