O acordo entre Mercosul e União Europeia, anunciado dia 6 deste mês, repercute, também, na área agrícola do Rio Grande do Sul e um dos segmentos é o leiteiro. O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado, o Sindilat, entende que é preciso acertar algumas questões.
O secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, explica que o projeto inclui a gradativa retirada de impostos que incidem sobre leite em pó para entrada no Brasil, atualmente em 28%, e referente à manteiga e queijo importado, hoje, 16%. Diante disso, esses alimentos poderão ser vendidos para o Brasil sem os mencionados impostos, o que vai concorrer com os produtos nacionais.
Segundo Palharini, isso já é um indício que os produtores de leite brasileiros precisam melhorar a competitividade, com apoio governamental, pois os produtos europeus têm alta qualidade, exemplos da Alemanha e Holanda. Inclusive, agricultores europeus de leite ganham subsídios dos governos para produzir, o que não existe no Brasil. Além disso, a Europa é superavitária na produção de leite, por isso, não interessa importar do Brasil. Já o oposto não é semelhante, ou seja, o Brasil tem grande contingente populacional, mercado lucrativo para países europeus venderem lácteos.
Domingo, 15, às 6 horas e 30 minutos, o secretário executivo do Sindilat/RS ampliou esses temas no programa Progresso Rural da RPI. Ele ainda ressaltou que outra preocupação é com o leite que entra no Rio Grande do Sul, oriundo da Argentina e Uruguai, aliás, tema debatido há muito tempo, pois se trata de produto em pó, com menor preço do que o leite gaúcho. Vinho e azeite de oliva também deverão integrar a lista de mudanças com o acordo Mercosul e União Europeia, que traz preocupação semelhante à cadeia leiteira.
Darlan Palharini, no entanto, pondera que haverá redução de alíquotas para comprar, da Europa, equipamentos para produção leiteira, como robôs para ordenha, nesse caso, positivo para o Brasil. Porém, se o leite da União Europeia chegar no Brasil com preço menor que o produto nacional, o consumidor vai optar pelo menor valor, com rejeição do alimento brasileiro, diante disso, pouco adianta ter preço reduzido para importar máquinas ou equipamentos.
No Progresso Rural, domingo pela manhã, Darlan Palharini ainda falou, na entrevista, sobre ação do Ministério Público que aconteceu semana passada numa indústria de leite no município de Taquara, visto suspeita de adulteração do leite, com adição de soda cáustica e água oxigenada.
O secretário executivo do Sindilat entende que isso denigre a imagem da indústria de laticínios do Rio Grande do Sul e acredita que seja um caso isolado. Frisou que nos últimos anos houve melhora das leis federal e estadual contra fraudes no leite, justamente após problemas semelhantes que aconteceram em outras empresas. Palharini comentou que o leite que sai das propriedades dos agricultores é de qualidade, ou seja, não tem irregularidades. Abaixo, a entrevista com Darlan Palharini: