Moradores do bairro Assis Brasil e de áreas próximas em Ijuí, realizam uma manifestação nesta sexta-feira, (02), contra os impactos causados por um incêndio que já dura 21 dias em um silo da empresa Campo e Lavoura. O protesto, que incluiu o bloqueio temporário da Avenida Getúlio Vargas — principal via de acesso ao local — chamou a atenção das autoridades para os riscos à saúde pública e para os transtornos enfrentados pela população da região.
O foco das críticas está na fumaça constante e no forte mau cheiro que tomam conta do entorno desde que o incêndio começou. Segundo os moradores, a queima de grãos apodrecidos tem gerado um ambiente insalubre, com consequências diretas para a qualidade do ar e o bem-estar das famílias que vivem nas proximidades.
Josiane Blass, uma das líderes da manifestação, afirmou em entrevista à Rádio Progresso que a mobilização busca pressionar o Ministério Público a agir diante da inércia dos demais órgãos. “Nosso objetivo agora é colher essas assinaturas, o máximo que a gente conseguir, e levar diretamente para o Ministério Público, pois até o momento todos os órgãos já foram acionados, todo mundo já fez a sua parte, e agora é só o Ministério Público que tem que tomar uma atitude”, afirmou.
Blass também destacou que laudos técnicos já foram elaborados por órgãos competentes, como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, indicando que havia produtos em decomposição nos silos da empresa antes mesmo do incêndio. “Foi constatado que realmente havia produtos apodrecendo dentro dos silos, os quais foram retirados para o pátio. Era de lá que saía o odor. Depois, no dia 12, teve o incêndio”, explicou.
Enquanto o fogo segue ativo e sem previsão de controle, moradores relatam sintomas como dores de cabeça, irritação nos olhos e dificuldades respiratórias, especialmente entre crianças e idosos. Há também receio de que os efeitos da fumaça possam causar danos mais duradouros à saúde da comunidade.
A empresa Campo e Lavoura, até o momento, não se pronunciou publicamente sobre as causas do incêndio nem sobre as medidas que está tomando para controlar o sinistro. O Corpo de Bombeiros acompanha a situação, mas ainda não divulgou uma estimativa para o fim do incêndio.
A manifestação pacífica desta semana reflete o cansaço de uma população que convive diariamente com a insegurança ambiental e o descaso, e lança luz sobre a urgência de uma resposta institucional mais efetiva. A expectativa dos organizadores é que o abaixo-assinado seja entregue ao Ministério Público ainda nesta semana, como forma de cobrar providências imediatas.