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MANCHETES

Taxação de Trump pode deixar até 145 mil gaúchos desempregados

17 de julho de 2025

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% produtos brasileiros, causa preocupação no Rio Grande do Sul. O Estado tem hoje 145 mil empregos em indústrias que enviam seus produtos ao EUA, postos de trabalho que estão ameaçados, na pior das hipóteses, alerta a Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul). As tarifas entram em vigor, a princípio, no dia 1° de agosto. A entidade esteve presente com seu presidente, economista e gerente de comércio exterior em uma audiência na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo da Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (16). O convite foi do deputado Miguel Rosseto (PT) e corroborado pelo deputado Gustavo Victorino (Republicanos), que preside o colegiado.

Os representantes da Fiergs explicaram que a relação do Rio Grande do Sul com os Estados Unidos é bem diferente, do ponto de vista comercial. Os produtos gaúchos que embarcam são manufaturados, têm valor agregado, que geram emprego e renda para o Estado. Em contrapartida, os produtos importados dos EUA são em sua maioria, commodities, como petróleo e outros produtos. O Rio Grande do Sul é o quinto estado do país que mais exporta para os estadunidenses. Conforme os dados da Fiergs, das 3.500 empresas gaúchas exportadoras, mil tem relação comercial com os EUA, isto representa 10% do que o país exporta para aquele país, tanto grandes, médias e pequenas empresas. Entre os setores mais impactados são tabaco, celulose, calçados, armas e munições, peças para veículos. Gerente de relações internacionais e comércio exterior da Fiergs, Luciano D’Andrea, destaca que algumas empresas tem maior risco, pois são proeminentemente exportadoras para os Estados Unidos, como é o caso da Taurus, cuja operação com o mercado estadunidense representa 85% do total da sua produção.

Nos critérios de faturamento, quem mais é impactado é o setor da madeira, cuja exportação aos EUA é do mercado do sul do país, entre Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, explica D’Andrea. Esse setor representa 11,1% de todo o embarque gaúcho para o mercado estadunidense. Outro mercado bastante afetado é o da jardinagem. A cultura nos EUA é o faça você mesmo, o que implica que muitos indivíduos tenham ferramentas de jardinagem em casa, produtos que são produzidos no Brasil e no Rio Grande do Sul. Em âmbito geral, segundo Luciano D’Andrea, 2,2% do faturamento da indústria gaúcha está em jogo, isto representa R$ 10 bilhões.

O que a Fiergs defende é a revogação da tarifa ou em especial o alongamento do prazo de 90 dias para que as negociações diplomáticas consigam resolver a questão. Por isso a entidade gaúcha está em contato e reuniões permanentes com outras federações, com a CNI, confederação nacional da indústria e com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do desenvolvimento, indústria, comércio e serviços, para construir soluções e estratégias para enfrentar o tema.

BATE BOCA
O clima do encontro na comissão estava amistoso e com uma convergência entre deputados de esquerda e direita em pautas como a negociação diplomática e disposição de dialogar e auxiliar a Fiergs em suas demandas. Até que ao final da sessão, o presidente Gustavo Victorino provocou a bancada do PT: “Por favor, peçam ao senhor presidente para ele calar a boca”. A frase tirou do sério o deputado Rosseto, um dos três petistas presentes na sessão. “Não faça isso. O senhor é um irresponsável”, respondeu o parlamentar, pedindo respeito e continuou: “Mal-educado. Não vou escutar bobagem. Deveria ter vergonha e respeitar a Fiergs. Bobalhão”. “Bobalhão é o senhor. Não merecia nem estar nessa casa”, respondeu Victorino, que insistiu que os deputados do PT não aceitam “ouvir a verdade” e que, na opinião dele, o culpado de tudo é o presidente Lula.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí/Foto: Cláudio Fachel/ALRS
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