Ao completar 20 anos de atuação no Tribunal de Contas da União, o Ministro João Augusto Ribeiro Nardes, disse na Rádio Progresso, que tem recebido com frequência pedidos de produtores rurais sobre a securitização das dívidas. Observou que indicou para a Farsul e Fetag a fonte dos recursos para serem utilizados para este setor.
Destacou que após a aprovação de um projeto na Câmara dos deputados, relatada pelo deputado Afonso Hamm, com pontos melhores do que a Medida Provisória apresentada pelo governo federal na Expointer. No seu entendimento, a proposta do governo beneficia mais o sistema financeiro do que o produtor.
Nardes lembra que a sugestão do governo é de 9 anos de prazo com 01 ano de carência, taxa de juros razoáveis, mas que ainda não recuperar as perdas de cinco anos.
Falou sobre a dívida nacional, com o PIB passando de 80%, com uma situação econômica complicada. O ministro acredita que houve um erro na questão de desdolarização. Afirmou que o governo não poderia ter tomado a decisão que teve, sofrendo de outra parte o tarifaço dos Estados Unidos.
Frisou que o Brasil não pode fazer enfrentamento com os outros países, como China, Rússia e Estados Unidos. Destacou que falta avaliação de risco na tomada de decisões, por parte do governo federal.
Questionado sobre o momento político que vive o país, o ministro Nardes comentou que no seu entendimento, o julgamento do ex-presidente Bolsonaro não foi similar ao do presidente Lula, na época. Disse que o atual presidente, na época que foi julgado teve mais tempo para apresentar sua defesa e agora o ex-presidente foi julgado em poucos dias após a apresentação da denúncia.
Com isso, entende que o ministro Fux agiu de forma correta, esclarecendo toda situação do processo. Nardes afirmou que houve um desiquilíbrio no julgamento por parte do STF, uma vez que dos 11 ministros, 07 foram indicados pelo atual governo.
Observou que os ministros do TCU são escolhidos pelo voto, com participação dos 513 deputados e 81 senadores. Nardes foi eleito para o Tribunal de Contas da União em 2005 com esta votação popular do congresso.