O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul liberou os bens da Cotrijuí para leilão. A decisão foi tomada nesta semana, após julgar improcedente 13 recursos de grupos ou associações contra a sentença que determinou a liquidação judicial em que se encontra a cooperativa, com sede em Ijuí. Agora, vão ser arrecadados os bens, com a respectiva avaliação e, então, marcado o leilão para que sejam vendidos.
Uma fonte ligada à administração judicial da Cotrijuí revelou para a RPI que a ideia é realizar o leilão o mais breve possível. Estimados inicialmente em 383 milhões de reais, os bens não vão ser suficientes para pagar todos os credores. Isso porque, os débitos somam 2 bilhões e 500 milhões de reais, com 11.496 credores.
A Cotrijui possui 591 hectares de terra, armazéns e silos com capacidade para 704 mil toneladas de grãos. São 165 imóveis, além de oito supermercados em operação. Vários armazéns estão alugados para empresas. Os supermercados estão em funcionamento e deverão ser os últimos a serem leiloados.
A expectativa é pagar integralmente, ao menos, as dívidas trabalhistas de funcionários ou ex-funcionários da Cotrijuí. Associados que tinham grãos na cooperativa em regime de armazém geral também vão receber dinheiro.
Em 2019, o Ministério Público gaúcho apresentou denúncia contra quatro ex-executivos da Cotrijuí, por acusação de apropriação indébita de grãos de associados. Em 2014 foi aprovada a liquidação extrajudicial da cooperativa ijuiense que, tempo depois, foi convertida em liquidação judicial.
Além de permitir o leilão dos bens da Cotrijuí, a decisão judicial desta semana mantém a intervenção da Justiça na gestão da cooperativa. No entanto, a Justiça assegura a possibilidade de recurso sobre o leilão. Neste sentido, a Acaisc – Associação dos Credores, Amigos e Interessados no Soerguimento da Cotrijuí – avalia a interposição de recurso, que deve ocorrer no Tribunal de Justiça, em Porto Alegre, e após, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, para tentar impedir a venda da estrutura da cooperativa.
Hoje pela manhã, uma fonte da Acaisc relatou para a Progresso que uma das preocupações é com o baixo valor de avaliação dos bens da Cotrijuí em caso de leilão. Disse que a estrutura localizada entre a rua do Comércio e José Hickembick, centro da cidade, poderá ser vendida por 750 mil reais, quando o real valor fica entre 8 e 10 milhões de reais, pois tem o prédio onde funcionou a Cotridata e após a reitoria da Unijuí, ainda um armazém que, inclusive, abrigou um mercado, dentre outras estruturas. Outra preocupação é que os armazéns da Cotrijuí, de Dom Pedrito a Derrubadas, todos alugados, e que têm grande capacidade de armazenamento de grãos.
Já o presidente da Acaisc, Édson Burmann, também nesta manhã frisou para a RPI que se houver condição financeira a entidade poderá recorrer. No entanto, enfatizou que a luta é muito difícil, até pelo poder financeiro, por exemplo, da empresa chinesa Chinatex, que é uma das credoras e tem interesse em receber recursos da Cotrijuí.