O Rio Grande do Sul consome, anualmente, cerca de 6 milhões e 500 mil a 7 milhões de toneladas de milho, porém, produz apenas de 4,5 a 4 milhões e 800 mil toneladas. Diante disso, é preciso importar o cereal. Segundo o presidente da Apromilho – Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul – Ricardo Meneghetti, para a safra deste ano, que já começa a ser plantada, a expectativa é que o Estado consiga manter os cerca e 812 mil hectares cultivados com o cereal em 2023, para produção de grãos. Para silagem, ano passado, foram aproximadamente 350 mil hectares.
Isso significa que o território gaúcho vai seguir com produção menor do que o consumo. Meneghetti observa que já tem informação que para esta safra houve menor venda de sementes, por parte de empresas, em relação à safra de 2023, portanto, no máximo o Rio Grande do Sul vai repetir a área do ano passado. Se acontecer redução de área com milho, o espaço vai ser ocupado com a soja.
Incerteza quando às condições climáticas, visto previsão de La Ninã, fenômeno climático que pode causar diminuição de chuvas, ataque de cigarrinha, praga que causou muitos danos no milho nas últimas safras, e dúvidas sobre preço pago pela saca ao produtor, são fatores principais que desmotivam plantio do cereal.
Ontem, às 6 horas e 30 minutos, Ricardo Meneghetti, que também é agricultor no município de Chiapetta, ampliou esses assuntos durante entrevista no programa Progresso Rural da RPI. Ele destacou que no tocante à área de milho para silagem, não deve ocorrer redução de plantio, pois o cereal é um dos principais produtos para alimentação do gado, através de silagem, em razão da produção leiteira.
Quanto à cigarrinha, o presidente da Apromilho enfatizou a necessidade da pesquisa avançar para produzir variedades resistentes à praga. Há casos, nas recentes safras, em que a cigarrinha dizimou de 70 a 75% de algumas lavouras de milho. Para combater a praga, os custos de produção aumentam.
No Progresso Rural, ontem pela manhã, Ricardo Meneghetti também ressaltou o esforço da Câmara Setorial do Milho do Rio Grande do Sul em encontrar alternativas para motivar o agricultor a plantar mais o cereal, por exemplo, para que ocorra melhoria em áreas irrigadas, avanço no seguro rural e novas tecnologias.
A abertura de áreas no sul do Rio Grande do Sul, em lavouras onde existe a tecnologia de sulco/camalhão, comumente utilizadas para arroz, já é uma das tecnologias como novidade para o milho.
A quebra na produção de milho safrinha na região centro oeste do Brasil e até a perspectiva dos Estados Unidos reduzirem áreas com milho nos próximos anos, são fatores que podem ajudar na melhoria de preço ao agricultor gaúcho. Abaixo, confira a entrevista com Ricardo Menegheti.