A falta de apoio e atendimento por parte da Coordenadoria de Proteção Animal (CPA) de Ijuí aos animais abandonados e/ou resgatados, que necessitam de algum tipo de auxílio, vem sendo motivo de constantes reclamações da comunidade. A reportagem da Rádio Progresso recebeu recentemente o ijuiense Nando Falcão, um dos protetores mais conhecidos no município, por abrigar dezenas de cães de rua. Segundo ele, atualmente são mais de 80 acolhidos em sua residência. Com o passar dos anos, Nando precisou adaptar o local para dar conta da demanda. Em seu relato durante entrevista à RPI, o protetor reclamou da defasagem no atendimento da CPA, principalmente nos últimos sete meses, já que segundo ele, até outubro do ano passado, ele chegava a receber algum tipo de ajuda da prefeitura, seja através da doação de ração ou de fraldas para os cachorros cadeirantes que necessitam desse apoio. No entanto, de lá pra cá tem sido cada dia mais difícil qualquer tipo de assistência. Ele relata que quando algum animal é encontrado abandonado ou atropelado, por exemplo, principalmente fora do horário de funcionamento da Coordenadoria de Proteção, o trâmite normal seria ligar para o celular de plantão da CPA, no entanto, o telefone nem chama, está sempre desligado.
Outro relato do protetor é que, quando a CPA fornece o atendimento, este se limita apenas a uma avaliação inicial. “Nas raras vezes em que nos atendiam, mandavam uma profissional até o local pra avaliar o cachorro atropelado ou doente, e forneciam remédio. Mas depois, se o animalzinho necessitar de internação ou cirurgia, eles não dão seguimento nesse atendimento, e os custos com toda essa parte fica por nossa conta” explica.
Essa é a mesma narrativa de outras pessoas da comunidade que afirmaram ter passado por situações semelhantes. “Até outubro do ano passado havia um contato de celular, que por mais que demorasse, nos atendia. Nos últimos meses esse telefone fornecido como sendo o de plantão está sempre desligado, ou seja, quando acontece algo com um animalzinho fora do horário de atendimento da coordenadoria, muitas vezes é pra mim que as pessoas recorrem” afirma Nando. O protetor lamenta a falta de apoio, e disse que só consegue auxiliar os cerca de 80 cachorros que tem em sua residência, através de doações da comunidade ou de empresas que o conhecem e destinam produtos como ração e vacinas, por exemplo. No entanto, diante do grande número de cães abrigados, a estrutura já não é adequada para garantir o cuidado de qualidade que eles necessitam.
Nando deixou claro à nossa reportagem que esse é um trabalho que ele se dispôs a fazer de forma voluntária, mas salienta que o fato de ter se tornado referência em proteção diante da falha no atendimento da prefeitura, gera mais despesas que o esperado.
“Inclusive eu estou com três cachorros cadeirantes que são de responsabilidade da CPA. Pra esses, antigamente eles ajudavam com fraldas, agora nem isso” lamenta.
Nando finaliza com um questionamento sobre o motivo do não atendimento e da falta de diálogo com o poder público, buscando entender se faltam verbas para a causa animal.
A nossa reportagem buscou ouvir a Coordenadoria de Proteção Animal, representada pela Secretaria do Meio Ambiente de Ijuí. O titular da pasta, Yuri Pilissão, concede entrevista na próxima semana para trazer mais detalhes e esclarecimentos sobre o tema.