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Com mais de 12 milhões foras dos cofres devido a inadimplência, futuro do Demei de Ijuí é debatido nesta noite

21 de julho de 2022

Proposta pelos vereadores César Busnello (PSB) Josias Pinheiro (PDT) e Cleuton Rolim (PDT) uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores de Ijuí debateu, nesta noite (21 sobre o futuro do Demei, que enfrenta sérios problemas financeiros, conforme confirmou em sua explanação o diretor-presidente da autarquia, Marco Aurélio Sickas. À população presente, Sickas mencionou que, através duma área de concessão de 45 km², atualmente o Demei atende quase 35 mil clientes, sendo a maioria residenciais, ou seja, 31.306. Além disso, 66 clientes vem da indústria, 3 mil 317 são comerciais e 223 se referem a outros clientes em geral.

Segundo Sickas, após a pandemia, em 2021, o faturamento da autarquia subiu 25%. Em 2019, o Demei faturou pouco mais de R$ 108 milhões e 200 mil. Em 2020, foram aproximadamente 105 milhões e 600 mil, número que subiu para cerca de R$ 129 milhões no ano passado. Até Junho deste ano, a autarquia já faturou R$ 72 milhões e 146 mil, e a projeção até dezembro é chegar aos R$ 163 milhões. Porém, conforme a tabela de distribuição das tarifas exibida pelo diretor, do total arrecadado que passa pelo caixa, somente 12,71% fica com a autarquia. (custo de distribuição).

Sobre a inadimplência, até o momento cerca de R$ 12 milhões estão fora dos cofres do Demei, ou seja, 7,59% dos consumidores estão inadimplentes. A dívida maior e o problema mais sério, segundo o presidente, se refere ao Hospital de Caridade de Ijuí. Somente o HCI tem uma dívida que chega aos R$ 3 milhões e 800 mil. Em sua fala, o presidente fez referência a casa de saúde, afirmando que este é um dos grandes gargalos do Demei em relação a questão financeira.

O presidente aproveitou a Audiência Pública para informar sobre os cortes de energia elétrica efetuados nos últimos anos. Em 2020 foram 3 mil 240, número que aumentou para 8 mil 222 no ano passado. Até a metade de 2022 foram 1822 cortes.

Sobre o futuro da instituição, principal preocupação dos vereadores proponentes e da comunidade, o presidente falou a respeito dos objetivos da direção, entre eles, desenvolver um projeto de governança, promover uma reforma administrativa, tornar o Demei uma empresa pública ou Holding (empresa de participações ou empresa-mãe), citando alguns exemplos como Demei Distribuição ou Demei Serviços.

Após a explanação do gestor, os vereadores e comunidade em geral fizeram seus questionamentos. Josias Pinheiro questionou sobre a situação do almoxarifado, relatando conhecimento sobre a falta de materiais básicos.

Já o presidente do legislativo, vereador Matheus Pompeo de Mattos, questionou os números apresentados pela presidência e disse entender que a situação está mais crítica do que a exposta nesta noite. Segundo ele, as informações que chegam ao legislativo dão conta de que faltam pneus em veículos, bem como cruzetas (acessório que promove a sustentação dos cabos e equipamentos em um poste de energia). Além disso, Pompeo perguntou quais as soluções que a presidência da autarquia prevê para sanar a divida com o HCI.

Já o vereador Cleuton Rolim falou sobre a importância de debater o tema entre legislativo, direção do Demei e comunidade. Algumas pessoas da comunidade também se manifestaram, sugerindo, inclusive, a privatização do Demei.

Em resposta, o presidente Sickas confirmou que faltam materiais como cruzetas, disse já estão compradas mas que enfrentam problemas com fornecedores. Sobre a manutenção de veículos, o diretor também confirmou, citando que a autarquia está passando por “situações complicadas” mas que estão buscando resolver cada uma delas.

O principal desafio, segundo o gestor, se refere a divida com o HCI. “É uma situação delicada. Ontem, dia 20, o hospital fechou a 14ª fatura sem pagamento. Ou seja, faz um ano que o Demei ajuda o HCI. Já fizemos várias reuniões com a direção, jurídico, prefeito. A direção promete que vai quitar a dívida, mas hoje o Demei está, sim, patrocinando o HCI, e eles não podem dizer que não, tanto que até hoje nós não judicializamos isso” afirma.

Questionado sobre o parcelamento da dívida com a casa de saúde, Sickas disse acreditar que essa não seja a solução ideal. Por fim, o gestor citou que, se HCI estivesse com as contas em dia, o Demei, provavelmente, não enfrentaria problemas financeiros como a falta de materiais por exemplo, mas disse que toda direção entende a importância do Hospital à comunidade e por isso, vem unindo esforços para ajudar.

Ao final da Audiência o vereador Cesar Busnello propôs a formação de uma comissão especial ampliada, com a presença de todas as bancadas, servidores públicos, representantes do Executivo, presidentes de bairros, para juntos iniciarem um estudo aprofundado na tentativa de buscar alternativas para manter o Demei, que segundo ele, é da população. “A situação é preocupante. Falta dinheiro para compra de insumos básicos. Precisamos nos dar as mãos, unir todas as forças políticas da comunidade e achar soluções. Vamos manter o Demei como autarquia municipal? Transformar numa empresa pública? Privatizar? Precisamos de soluções” concluiu o vereador, que destacou satisfação com a presença maciça da comunidade.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí
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