Nesta semana, duas reuniões foram realizadas com coordenação da Federação das Associações de Municípios do Estado do Rio Grande do Sul (Famurs). Um dos encontros foi com o governo do Estado e outra com o ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta. Nos encontros, o presidente da Associação dos Municípios da Região do Planalto Médio (Amuplam) e prefeito de Nova Ramada, Marcus Jair Bandeira, esteve presente e representou os municípios da região.
Na reunião com o Governo do Estado – convocada pelo Executivo gaúcho – o governador Eduardo Leite, o vice, Gabriel Souza, e a equipe de secretários, liderados pela secretária da Fazenda, Pricilla Santana, apresentaram as projeções atualizadas de queda na arrecadação em razão das enchentes de maio no RS. Conforme o governo gaúcho, estão previstas quedas entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões até dezembro.
Antes das enchentes, o Rio Grande do Sul projetava arrecadar R$ 6,74 bilhões entre 1º de maio e 18 de junho. Mas, neste período de 45 dias, efetivamente, o arrecadado foi de R$ 5,16 bilhões, uma queda de 23,4% do que era projetado. Pricilla afirmou que aguarda perdas mais profundas para as próximas semanas, mas disse que depois deste período a tendência é haver uma normalidade.
Governo federal faz anúncio, mas sem atender principal demanda dos municípios
Em outra reunião na Famurs no fim desta semana, o ministro Paulo Pimenta reforçou um anúncio feito nos últimos dias pelo governo federal, através do Ministério da Previdência Social, de suspensão do pagamento da contribuição patronal e da dívida atuarial dos municípios que tenham regime próprio de previdência e que estejam em estado de calamidade pública ou em situação de emergência.
No entanto, a Famurs avalia com cautela a medida, já que algumas cidades podem comprometer seriamente o pagamento das obrigações previdenciárias se suspenderem o pagamento. Além disso, ainda há insegurança jurídica na medida, cabendo consulta ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) para avaliar se a possibilidade é válida ou não.
Quanto a principal reivindicação apresentada pelos municípios, tanto ao governo do Estado, quanto ao governo federal, de buscar compensações financeiras em razão da baixa na arrecadação, Paulo Pimenta afirmou que é preciso aguardar para verificar o comportamento da arrecadação mês a mês, antes de fazer as compensações. O governador Eduardo Leite disse estar junto com os municípios e também cobra recomposição para o governo estadual.
Diante dessa situação, os prefeitos gaúchos estão organizando uma marcha a Brasília nos dias 02 e 03 de julho para pressionar o governo federal e os parlamentares em busca de soluções mais concretas. A iniciativa tem o apoio da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
“Se nós não tivermos a recomposição da perda de arrecadação que já houve e a projetada no decorrer do ano, vamos precisar fazer contingenciamentos e cortes profundos para poder fechar as contas. Mesmo assim, alguns prefeitos já afirmam que, provavelmente, não vão conseguir fechar as suas contas no fim do ano, devido a esse problema de falta de recurso. Por exemplo, para nós, município pequeno (Nova Ramada), a previsão de perda está estimada entre R$ 2,2 milhões a R$ 2,8 milhões. É um valor que não é muito grande, mas se torna bastante impactante para um município que tem um orçamento de R$ 29 milhões. Ijuí, por exemplo, nos 45 dias já medidos de perdas, teve redução de mais de R$ 2 milhões somente neste período. A média prevista de queda no ICMS, que é a segunda principal fonte de arrecadação dos municípios, está projetada em 25%. Então, se nós não tivermos reposição, se torna uma situação muito preocupante para todos. Por isso, iremos agora no começo de julho a Brasília buscar pressionar o governo federal e os deputados e senadores para que aprovem e anunciem medidas de socorro financeiro aos municípios”, detalha o presidente da Amuplam, Marcus Jair Bandeira.