A perspectiva apontada pela Emater, Farsul – Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul – e outras entidades é de redução de área com trigo nesta safra no Estado. A Farsul acredita numa diminuição de 300 mil hectares em relação ao ano passado. Com isso, os gaúchos deverão cultivar cerca de um milhão e 200 mil hectares. Por exemplo, em Ijuí, em 2023 foram 21 mil hectares com o cereal e este ano a previsão é de 12 mil.
Alto custo de produção, preço de comercialização inferior ao esperado pelos agricultores, falta de semente no mercado, visto frustração da safra passada, além de problemas climáticos, são alguns fatores que contribuem para descrédito no trigo.
O corretor de cereais da Solo Corretora, de Ijuí, Índio Brasil, frisa que no Brasil a queda no plantio deverá ser de 11%. Também explica que, numa média, o país produz 9 milhões de toneladas, mas consome 12 milhões e 500 mil toneladas, portanto, precisa importar o cereal.
No Rio Grande do Sul, nos últimos anos a qualidade do trigo melhorou bastante, tanto é que moinhos praticamente deixaram de importar da Argentina, para produção de farinha. Porém, com os problemas da safra de 2023, causados pela instabilidade do clima, há necessidade de buscar o cereal fora do Estado.
Como o Brasil importa trigo, a formação de preços precisa ser analisada numa conjuntura de mercado internacional. Ontem, às 6 horas e 30 minutos, Índio Brasil falou sobre tendência de cotação do cereal para a atual safra, que começa a ser plantada, durante entrevista no programa Progresso Rural da RPI. Também influencia na cotação do cereal, as safras da Rússia e Ucrânia, grandes plantadores de trigo, além da França. Aliás, a Rússia perdeu em torno de 10 milhões de toneladas devido à seca. Outro aspecto é a taxa de câmbio. Diante disso, o corretor de cereais frisa que a diminuição de área de trigo nesta safra no Rio Grande do Sul não pode ser levada em conta como fator preponderante para definição ou melhoria de preço do produto.
No Progresso Rural de ontem pela manhã, Índio Brasil também ressaltou certa redução no custo para implantação da área de trigo, que caiu de aproximadamente 60 sacas por hectare para algo em torno de 52 a 55 sacas, porém, dependendo na tecnologia utilizada pelo produtor.
Outro aspecto destacado pelo corretor de cereais é que variedades de trigo apresentam boa capacidade de rendimento, média de 70 sacas por hectare, o que pode ser considerado fator positivo para decidir pelo plantio.
No Progresso Rural deste domingo, Índio Brasil ainda analisou o mercado da soja. No Rio Grande do Sul, mesmo que a produção da safra 2023/2024 final tenha sido boa, o Estado perdeu em torno de dois milhões de toneladas por problemas climáticos no fim do ciclo da oleaginosa, especialmente, excesso de chuva.
Já o Brasil colheu aproximadamente 150 milhões de toneladas, cerca de 15 milhões a menos do que poderia produzir. A exportação deverá ser de 95 milhões de toneladas neste ano, um pouco a menos que 2023. Os embarques de soja para o exterior, nos portos brasileiros, devem começar a reduzir em agosto, devido à safra americana, que tende a ser normal. Abaixo, confira a entrevista com Índio Brasil: