O Governo do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria da Saúde (SES), declarou oficialmente estado de emergência em saúde pública em todo o território do Rio Grande do Sul, para fins de prevenção e de enfrentamento das Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com ênfase nas crianças. As SRAG são os casos hospitalizados por quadros respiratórios, causados em grande parte pelos vírus da gripe (influenza) e covid-19. O decreto (Nº 57.598) está publicado na edição desta sexta-feira (03/05) do Diário Oficial do Estado.
A declaração é justificada pelos indicadores que demonstram um aumento significativo de doenças causadas por vírus respiratórios e um crescimento na demanda nos serviços de emergência. Esses fatores, caracterizam elevado risco à população pelo potencial de extrapolação da capacidade de resposta, em especial a área pediátrica.
O estado de emergência previsto no Decreto tem validade de 120 dias, indo até o final de agosto deste ano, podendo ser prorrogado conforme evolução dos dados epidemiológicos. Durante esse período, fica determinado que as redes hospitalares que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) deverão adotar medidas administrativas urgentes para priorizar a disponibilização de leitos clínicos de suporte ventilatório e de Unidade de Terapia Intensivo (UTI), para os casos de SRAG. Os municípios, por intermédio das prefeituras, poderão estabelecer medidas complementares, de acordo com a sua realidade.
Dados epidemiológicos
A medida vem sendo estudada pela SES desde o mês passado. Por isso, os indicadores usados na análise são até a primeira semana de abril, com os recortes de acordo com as primeiras 14 semanas epidemiológicas de cada ano: de 01/01/23 até 08/04/23 e de 31/12/23 até 06/04/24.
Nesses períodos, foi registrado em 2024 um aumento de 246% das hospitalizações e 130% mais óbitos pelo vírus influenza no Estado. Em números absolutos, isso representa que ano passado foram 76 internações e 10 óbitos, enquanto este ano passaram a 263 hospitalizações e 23 mortes em decorrência da infecção.
Outro vírus de preocupação neste cenário é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) que tem a grande maioria dos casos de hospitalizações em crianças. Em 2024, em um intervalo de quatro semanas, da primeira de março para a primeira de abril, houve um aumento de 343% nas internações: de 14 para 62 casos (95% deles em crianças abaixo dos cinco anos).
A circulação dos vírus respiratórios também é monitorada no Estado entre os atendimentos ambulatoriais, sem a necessidade de hospitalização. Esse trabalho acontece por amostragem nas chamadas Unidades Sentinelas (em Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Maria, Uruguaiana e Pelotas). Em 2024, até o início de abril, são 710% de aumento nos casos de infecção pelo vírus influenza do tipo A em relação ao ano passado: de 20 para 162 casos.
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no RS (até Semana 17*)
*Semanas 1 a 17 de 2023: 01/01/23 a 29/04/23
*Semanas 1 a 17 de 2024: 31/12/23 a 27/04/24
Hospitalizações e óbitos por SRAG
2023: 4.479 casos – 720 óbitos
2024: 3.996 casos – 417 óbitos
Hospitalizações e óbitos por SRAG causadas por vírus respiratórios em 2024
2.025 casos
289 óbitos
Principais vírus respiratórios identificados em 2024
Hospitalizações: 54% covid-19, 24% influenza A e 20% VSR
Óbitos: 85% covid-19, 13% influenza A e 0,7% VSR
Hospitalizações e óbitos por SRAG por covid-19
2023: 1.681 casos – 413 óbitos
2024: 1.087 casos – 247 óbitos
Hospitalizações e óbitos por SRAG por influenza
2023: 253 casos – 34 óbitos
2024: 494 casos – 37 óbitos