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MANCHETES

“É só humilhação”, afirmam moradores do bairro Colonial que há anos vivem em situações precárias

19 de junho de 2024

Na última Sessão da Câmara de Vereadores de Ijuí, na noite de segunda-feira (17), o vereador Paulo Braga utilizou a tribuna para relatar uma situação delicada vivenciada por moradores do bairro Colonial. Tratam-se de 17 famílias que há anos só possuem acesso à energia elétrica através de ligações clandestinas. Além disso, o acesso à água também é limitado, já que a Prefeitura disponibilizou apenas uma bica d’água para que mais de 60 pessoas possam garantir esses direito básico.

A reportagem da Rádio Progresso foi até o local na manhã desta quarta-feira (19) para conferir de perto a situação. Fomos recepcionados por diversos moradores que nos relataram a difícil realidade enfrentada por eles. Uma das moradoras, inclusive, passou mal ontem, após mais uma tentativa de negociação com a Prefeitura, e foi proibida pelo médico de se envolver nessa pauta por enquanto, em prol de sua saúde mental, que está afetada depois de tanto desgaste na busca por soluções. Mesmo assim, ela falou à nossa reportagem hoje, preferindo não se identificar. Ela contou que muitas famílias vivem há mais de oito anos nessa situação. “Vários vereadores já estiveram aqui para nos ajudar, mas quando chega até a Prefeitura, um fica empurrando para o outro, enviam para o Ministério Público ou Defensoria Pública, e ninguém resolve nada. Além da luz e água, já pedimos melhorias na rua também, mas não somos ouvidos”, destaca.

Segundo a mulher, que estava acompanhada de outras pessoas que vivem no local, uma antiga moradora chegou a ficar cerca de quatro anos puxando água de balde, por duas quadras, para conseguir garantir direitos básicos como o banho. “Isso é desumano, ilegal, fere os direitos humanos. Como eles solucionam essa situação dando uma bica de água para 60 pessoas utilizarem? Quando chega às 18h, ninguém mais consegue tomar banho”, afirma a moradora, que chorou ao vivo ao relatar a situação à Rádio Progresso.

“Aqui não tem saneamento básico, a saúde pública deveria ser prioridade, e essa não é uma reclamação direcionada apenas a esse prefeito, é uma situação que se arrasta há anos. Já tivemos moradores que deixaram de viver aqui, principalmente os idosos, que não tinham mais como ficar sem acesso adequado a água e luz”, reforça.

Criação da Comissão de Moradores do Bairro Colonial

Para garantir um amparo legal, foi criada a Associação dos Moradores do Bairro Colonial. Na mesma entrevista concedida à Rádio Progresso hoje, a moradora falou sobre a última experiência que teve ao tentar contato com a Prefeitura. “Não gostei do tratamento, alteraram a voz pra falar comigo, sou uma senhora idosa e não posso admitir isso. Só que eu não posso falar no mesmo tom, ou corro o risco de sair de lá acompanhada da polícia. Saímos da Prefeitura, fomos na Defensoria Pública, chorei, me humilhei e acabei passando mal na frente do defensor”, relata ela, mais uma vez, emocionada. “É humilhação atrás de humilhação”, afirma.

A justificativa da Prefeitura, segundo os moradores

Segundo os moradores, em meio a tantas tentativas, nunca foi dada uma resposta efetiva por parte da prefeitura. “Nunca nem nos pediram paciência para resolver esse problema, nunca prometeram nos realocar. Dizem que aqui é área verde, área de risco, mas é a mesma situação dos moradores do outro lado da sanga, há 5 metros de nós, qual a justificativa para que eles tenham acesso a água e luz, e nós não?”, questiona a moradora.

A solução sugerida pelas famílias

À nossa reportagem, os moradores afirmaram nessa manhã que um poste de luz social resolveria parte do problema, no que diz respeito à energia elétrica. “A gente se propõe a pagar. Somos sim pobres, mas aqui todos são trabalhadores e lutadores, só queremos dignidade”, conclui. Contudo, há ainda as questões de falta de acesso à água e ao saneamento básico, além da rua precária que impede, inclusive, a chegada de transporte para as crianças irem para a escola.

A Rádio Progresso busca a partir de agora contato com a Prefeitura, a fim de entender qual a forma de solucionar a demanda dessas famílias.

Ouça abaixo a entrevista gravada nesta manhã com moradores do local: 

Fonte: RPI