A Safra de Inverno 2025 no Rio Grande do Sul terá uma produção +2,25% maior do que a safra passada, totalizando 4.936.010 toneladas de trigo, aveia branca, canola e cevada. As estimativas iniciais para a safra de inverno foram divulgadas pela Emater/RS-Ascar na manhã desta segunda-feira (16/06), em coletiva para a imprensa, transmitida através do YouTube da Instituição no link https://www.youtube.com/watch?v=zc-Q10S2bq4, podendo ser revista a qualquer momento.
Os dados sobre previsão de área de plantio, produtividade média e produção de cada cultura foram apurados no período de 12 de maio a 09 de junho, em média em 97% dos municípios gaúchos produtores. No total dos grãos de inverno, o Estado vai cultivar 1.830.092 hectares, o que representa -2,78% de redução da área.
A canola é o destaque desta safra, com uma área a ser cultivada de 203.206 hectares, +37,41% a mais do que na safra passada, quando foram cultivados 147,879 hectares no RS. Com uma produtividade média esperada de 1.737 kg/ha, a canola deve atingir uma produção de 352.893 toneladas, +68,99% a mais do que no ano anterior, quando foram produzidas 208.830 toneladas.
Santa Rosa é a maior região produtora de canola no Estado (57.685 hectares), seguida das regiões de Ijuí (48.021 ha), Santa Maria (45.475 ha) e Bagé (28.589 ha). “A canola apresenta incremento de área atribuído a sua liquidez e ao fomento das indústrias”, avalia o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, ao citar a entrada de outro produto, a carinata, que a Emater/RS está acompanhamento o crescimento no mercado, como mais uma alternativa de produção.
As aveias branca e preta grãos também apresentam incremento de área de +8,91% e +6,52%, respectivamente. No caso da aveia branca, com produtividade média estimada em 2,25 kg/ha, a produção estimada é de 904.375 toneladas, ou seja +11,78% maior do que as 809.036 toneladas produzidas na safra anterior. “O cenário reflete o momento econômico dos produtores, que optaram em investir em culturas de investimento financeiro menor, como as aveias”, analisa Baldissera.
O trigo, para esta safra, tem área cultivada diminuída em -9,97%, passando de 1.331.013 hectares cultivados em 2024 para 1.198.276 hectares em 2025. Com uma produtividade de +7,77% superior, de 2.997 kg/ha, a produção de trigo no Estado deve chegar a 3.591.330 toneladas neta safra, ou seja, de -2,95% se comparada com a safra passada, quando o RS produziu 3.700.521 toneladas de trigo.
“A diminuição da área de trigo, por não ser tão representativa, demonstra o profissionalismo do produtor, embora haja necessidade de mudar o planejamento para outras culturas, no caso de decisão por não plantar trigo, levando em conta acesso a crédito e custo de implantação da lavoura”, avalia o diretor técnico da Emater/RS, ao destacar o produto trigo como o cultivo com maior liquidez. “Já a aveia tem mercado mais restrito”, diz.
A diminuição da área com trigo em 132.737 hectares é reflexo do risco climático, dos preços, baixa demanda por crédito para custeio, devido ao endividamento e à restrição ao Proagro pelos produtores. Segundo o Banco Central, até o presente, em torno de 40% da área teve aporte financeiro com recursos do Plano Safra. Na safra passada, no mesmo período, 70% da safra já tinha sido financiada.
Em virtude do menor fomento e risco da cultura, a cevada apresenta redução de área de -21,97%, se comparada à safra passada, atingindo nesta safra uma área de 27.337 hectares, enquanto que em 2024 foram cultivados com cevada 35.036 hectares. Com uma produtividade média estimada em 3,2 mil kg/ha, a produção esperada para o Estado é de 87.413 toneladas, -19,90% menor do que a safra de 2024, quando foram produzidas 109.132 toneladas de cevada.
Acompanharam a coletiva, além da imprensa, o secretário estadual e o adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Edivilson Brum e Márcio Madalena, o presidente e o diretor administrativo em exercício da Emater/RS, Luciano Schwerz e Júnior Lopes, gerentes estaduais e extensionistas, e representantes de entidades parceiras, como Conab, Famurs, Ceasa e do IBGE o superintendente José Renato Almeida.
SAFRA DESAFIADORA
Para o presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz, esta Safra de Inverno é desafiadora. “O agricultor precisa estar motivado e a Emater, dar o suporte técnico adequado para que as culturas sejam eficientes e tenham maior potencial produtivo”, diz, ao considerar o lançamento das estimativas iniciais como um momento importante para que todas as entidades ligadas à agricultura compreendam a safra e determinem estratégias de produção.
Ao agradecer pelo trabalho e dedicação dos extensionistas que se envolveram no levantamento dos dados, Schwerz avalia a interação das entidades e elogia a superação das dificuldades pelos agricultores e produtores, ao destacar que “os números refletem a realidade do campo”.
As quatro estiagens consecutivas e a enchente que atingiram o RS nos últimos anos impactaram a agropecuária e aumentaram o endividamento dos produtores. “Estamos vivenciando um clima negativo em relação à renegociação das dívidas, mas é preciso requalificar o produtor. Portanto, reverenciamos o trabalho de toda a equipe da Emater na divulgação desses números, fundamentais para o Rio Grande do Sul, para que o mercado tenha noção do que nos espera”, avalia o secretário Edivilson Brum.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO
Com previsão sazonal para os meses de julho a setembro, o meteorologista da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Flávio Varone, avaliou que no decorrer do mês de maio a precipitação ficou muito acima da média na Fronteira Oeste, parte da Campanha e Região Central, com valores em torno de 300 a 500 mm acumulados na maioria das estações. No restante do RS as chuvas registradas oscilaram em torno da média, com ligeira deficiência hídrica, no Extremo Sul e na faixa Norte do Estado.
“Os modelos climáticos não apresentam previsão de fenômenos globais, como El Niño ou La Niña, para o segundo semestre e a condição de normalidade atmosférica deve predominar ao longo dos próximos meses. Dessa forma, há previsão de um inverno com condições típicas da estação, com ingresso regular de frentes frias e massas de ar frio, que determinarão a ocorrência de fenômenos característicos, como geadas, nevoeiros e, eventualmente, queda de neve”, diz o meteorologista, ao antecipar que, para julho, a previsão é de temperaturas abaixo da média na maioria das regiões e de chuva próxima da média em todo RS; para agosto, precipitação acima do esperado na maioria das regiões, especialmente na Metade Sul e, na faixa Norte, tendência de valores abaixo da normalidade e temperatura média abaixo da normal na maior parte do Estado; e para setembro a previsão é de um mês mais seco, com temperaturas inferiores à média e chuva abaixo da média em todo RS.