Há 50 anos, uma peça publicitária assinada pelos gênios Washington Olivetto e Nizan Guanaes mostrava várias personalidades importantes no mundo que fizeram a diferença depois de completarem 40 primaveras e uma narração em off apelava aos empresários: “retirem de seus anúncios o pedido preconceituoso de idade máxima 40 anos”, se referindo ao fato de que as ofertas de emprego eram limitadas aos sub-40, criando uma (falsa) impressão de que a produtividade tinha uma data de validade. Foi com essa reflexão que começou o evento Summit Empreender 40+, com o CEO do projeto e um dos cofundadores, Fabinho Vargas, abrindo o ciclo de palestras e debates, que ocorreu nesta quarta-feira (29) em Porto Alegre. Proposto para ser anual, o encontro tem como objetivo valorizar o protagonismo dos profissionais com mais de 40 anos. Ao lado de Fernando Puhlmann e Fabio Bernardi, Fabinho deu início ao que chamou de “movimento”: A criação de um ecossistema que permita através de mentorias, workshops, networking, inspirar e estimular o empreendedorismo para quem passou dos 40.
Exemplos para inspirar não faltam. O próprio Fabinho Vargas. Na juventude, participou do início do Tchê Guri, percorrendo o Brasil com shows. Mais velho, decidiu terminar o segundo grau, que abandonou por se dedicar ao trabalho. Se formou e foi provocado: porque não faz um vestibular? Fez. E a graduação em marketing foi aos 40 anos. A programação do Summit seguiu com muitos exemplos de quem se reinventou, por necessidade ou por vontade, depois dos quarenta. No campo do jornalismo, Puhlmann mediou um papo bem informal e descontraído com os comunicadores Luciano Potter e César Cidade Dias. Colegas e amigos, CCD e Potter se cruzaram em diferentes direções. Um deixava a RBS, o salário todo mês, para empreender novos projetos e focar em outras atividades. O outro deixava em segundo plano, um canal na internet em crescimento para estar no Sala de Redação da RBS. Em comum entre os dois: o desafio, a vontade de mudar e também o “medo” do novo. Ao longo do papo César e Potter falaram de suas trajetórias e destacaram a bagagem que construíram pra chegar até esse momento de mudança. E nesse caso não só as coisas boas são aproveitadas. Os erros e “tombos” pelo caminho servem de aprendizado.
Logo em seguida, um dos principais palestrantes do país, Pedro Janot, falou sobre sua carreira em lojas de varejo e na aviação. A mudança pós-40 foi por necessidade: um acidente o fez ficar tetraplégico. Sua história se transformou em inspiração e exemplo. Após falar com o público, sorteou livros e anunciou uma mentoria exclusiva para vinte participantes. No início da tarde, a escritora e influenciadora Cris Pàz também inspirou. Contando a sua vida, relembrou vários momentos de luto e como esteve no fundo do poço. Também falou como chegou lá e se reinventou pouco antes dos 40. A perda do companheiro, grávida de sete meses, fez ela criar um blog, escrever sobre o pai do filho. Nasceu o Para Francisco. Que se tornou o primeiro livro. A paixão por moda criou outro blog, que virou livro, que depois transformou em influenciadora, que impulsionou ela a ser uma embaixadora contra o preconceito do etarismo. Na prática, Cris Pàz fez marcas refletirem: em vez de produtos “anti-idade” e para rejuvenescimento, produtos pró-idade. “Não queremos não envelhecer. Queremos qualidade de vida.”
O humor também ganhou espaço no palco do Empreender 40+. Sucesso avassalador no Rio Grande do Sul, o Guri de Uruguaiana divertiu com causos e reflexões sobre o cotidiano. Em seguida, Guri se despiu do personagem e deu lugar a Jair Kobe. Voltando ao início também citou grandes personalidades, como Roberto Marinho, que criou o império da TV Globo, após os 60 anos, e outro Roberto. O Gomez Bolanos que criou o personagem Chaves, aos 42 anos. Mesma idade em que Jair Kobe criou o Guri de Uruguaiana. O humorista lembrou a sua trajetória. Foram muitas profissões antes de estourar com o Guri. Foi contador, cantor, empresário dono de restaurante, dono de boutique, fotógrafo profissional, publicitário. Foi só depois dos 40, que os palcos passaram a ser o sustento. O primeiro show tinha quatro personagens. Mas o gauchão, pilchado, de boina e bigode, que nem tinha nome que virou um marco cultural do Rio Grande do Sul. O nome Guri de Uruguaiana veio da música Guri, que foi parodiada nas apresentações do personagem. Com sua bagagem e maturidade adquirida, Kobe focou em um personagem, investiu na internet com site, clipes com milhões de visualizações e o reconhecimento veio. Seu canal no YouTube foi premiado cinco vezes como o canal mais citado pelos gaúchos no Top of Mind. A criação do guri em si não foi só a receita do sucesso, Jair Kobe destaca a inovação para continuar no imaginário popular. Quando os podcasts estavam começando a fazer sucesso, surgiu o matecast apresentado pelo Guri. Com a comédia Stand UP crescendo, surgiu o novo show: Stand UP do Guri. O Empreender 40+ continua em movimento, com a promessa de um novo evento em 2026, para conectar e inspirar ainda mais pessoas.