Uma grande operação policial com cerca de 300 agentes da Polícia Civil e de outras instituições foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (2) em 10 cidades gaúchas para cumprir 35 mandados de prisão preventiva, 73 de busca e para bloquear judicialmente 62 contas bancárias. O alvo é uma organização criminosa com base em Passo Fundo, no norte gaúcho — mas com ramificações em vários municípios e que mantém ligação com uma facção do Vale do Sinos —, comandada por detentos.
Conforme a investigação, o grupo movimentava em torno de R$ 1,6 milhão por mês. Com o tráfico de drogas e de armas, o valor aproximado era de R$ 1 milhão, mais R$ 400 mil com o jogo do bicho e mais R$ 200 mil com o contrabando de cigarros.
Por meio da lavagem de dinheiro, os líderes do esquema adquiriram, principalmente no norte do Estado, restaurantes, lanchonetes, quadras de futebol e dezenas de imóveis.
Os criminosos tinham como método “tomar as cidades” e eliminar concorrências, além de pagar percentual das vendas para a facção com base em Novo Hamburgo. Até 7h, 18 mandados de prisão haviam sido cumpridos.
A investigação de nove meses é do titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, delegado Diogo Ferreira. Segundo ele, suspeitos já conhecidos da polícia se aliaram a uma facção para manter o monopólio do tráfico de drogas e armas, bem como do contrabando de cigarros paraguaios, em dois bairros da cidade: Petrópolis e José Alexandre Zachia. Depois disso, a ação se alastrou para outros bairros e outros municípios.
— Para se ter uma ideia, durante a investigação, apreendemos uma carga com mais de 328 mil cigarros, avaliada em R$ 50 mil. Esse tipo de negócio ocorria como forma de fomentar as finanças da organização criminosa. Também prendemos dois integrantes da facção que se deslocavam semanalmente do Vale do Sinos para Passo Fundo com objetivo de cobrar percentual dos lucros. Com a dupla, apreendemos um carro e R$ 24 mil — explica.
Várias provas foram obtidas e, desta forma, foi possível mapear toda uma rede criminosa com células montadas em várias cidades a partir de Passo Fundo: Panambi, Ijuí, Campo Bom, Vacaria, Guaporé, Alvorada, Pelotas e Erechim. Além disso, o comando do grupo estava no sistema prisional gaúcho, em locais como Presídio Central, penitenciárias moduladas de Montenegro e de Ijuí, e Presídio Regional de Passo Fundo.
Estes apenados — um deles com antecedentes até mesmo por tráfico internacional de drogas — deram ordens, segundo a polícia, para várias execuções de rivais. Os demais integrantes seriam gerentes, distribuidores, vendedores, coletores de dinheiro, contadores e funções operacionais.
Ferreira diz que todos estão com mandado de prisão decretada e atuavam tanto no tráfico quanto no contrabando e na lavagem de dinheiro. Em relação às drogas, o grupo adquiria produtos direto do Paraguai.
Foram apreendidos crack, drogas sintéticas, haxixe, maconha e até cocaína peruana. Esta última droga era comercializada pelos criminosos em uma quantidade de até 20 quilos por semana. Ferreira diz que somente um quilo foi avaliado em até R$ 35 mil.
Os mandados judiciais foram cumpridos em Passo Fundo, Panambi, Ijuí, Soledade, Vacaria, Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Alvorada e Pelotas. Sendo que as prisões ocorreram em quatro destas cidades: Passo Fundo, Panambi, Novo Hamburgo e Campo Bom.