A perspectiva é que o Rio Grande do Sul tenha cerca de 300 mil hectares a menos de trigo na safra deste ano, em relação a igual período de 2023. Durante entrevista nesta manhã na RPI, o coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Farsul, Hamilton Jardim, disse que devem ser cultivados em torno de um milhão e 200 mil hectares. Ano passado foram aproximadamente um milhão e meio.
Além da menor oferta de sementes no mercado, visto frustração de colheita em 2023, devido aos problemas climáticos, alto custo de produção e cotação baixa da saca para venda, nesse ano as recentes chuvas e enchentes também contribuem para tendência de baixa na área de trigo.
Jardim comenta que em regiões de terras baixas, por exemplo, São Borja e costa do rio Uruguai, o plantio já deveria estar em andamento, no entanto, em várias lavouras ainda têm soja para colher, devido ao excesso de chuva. Para essas regiões, o calendário de cultivo do trigo já iniciou, conforme o zoneamento agrícola, que vai até final de julho.
O representante da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul enfatizou que mesmo com a abertura de sol, o solo está muito encharcado para o cultivo e, nessas situações, o trabalho nem é recomendado, visto que a planta pode sofrer com doenças. Isso deve levar produtores a desistir do plantio.
Hamilton Jardim ainda observou que muitos agricultores não conseguiram salvar sementes próprias de trigo em 2023, visto o clima, então, menos disponibilidade para esta safra. Na mesma entrevista na Progresso, esclareceu que no Paraná, outro grande produtor de trigo no Brasil, onde o cultivo já ocorre, a tendência é que a atual safra tenha redução de mais ou menos 17% de área.
Diante disso, a perspectiva é o país tenha que importar mais trigo da Argentina. Jardim destacou que neste fim de semana passou por municípios de Santa Maria, Bagé e Dom Pedrito, regiões que ainda têm soja nas lavouras e a oleaginosa apresenta apodrecimento. Aliás, esse é outro fator que pode influenciar para queda na área de trigo, pois os agricultores tendem a evitar novos prejuízos.