O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) deflagrou nesta terça-feira, 03, a Operação Centauro no Norte do Estado contra uma organização criminosa responsável por tráfico de drogas, porte e posse de armas de fogo, homicídios, denunciação caluniosa e lavagem de dinheiro na região.
A facção tinha como forma de agir o uso de pessoas vinculadas a ela para fazer falsos comunicados de delitos e infrações disciplinares contra policiais militares de Ronda Alta que atuavam justamente na repressão dos criminosos. Além da coação às autoridades policiais e demais crimes, os integrantes deste grupo também têm como prática ameaçar os PMs e suas famílias, mediante emprego de violência, e também a população em geral de várias cidades.
Foram cumpridos 14 mandados de prisão e 29 de busca e apreensão em Ronda Alta, Passo Fundo, Palmeira das Missões e Sarandi. A Justiça autorizou também o bloqueio de 25 contas bancárias, incluindo de laranjas. Uma destas contas, em apenas quatro meses entre os anos de 2022 e 2023, movimentou R$ 1,9 milhão.
A investigação teve início com uma comunicação de ocorrência e pedido de providências encaminhados ao GAECO pela Corregedoria-Geral da Brigada Militar pelo fato de que PMs estavam sendo coagidos. O objetivo era prejudicar ações ostensivas, principalmente em pontos de tráfico que a facção mantém na região de Ronda Alta.
Pelo menos dois policiais militares foram coagidos com as falsas comunicações de delitos e infrações que levaram a instauração de processos disciplinares de atos que não ocorreram. Em relação ao tráfico em si, a facção, vinculada a uma das maiores organizações criminosas do Estado, é comandada de dentro de presídios e se divide em vários núcleos.
Por exemplo, um dos líderes é responsável por gerenciar diversos estabelecimentos comerciais usados como pontos de venda de entorpecentes. O grupo criminoso ainda tem um dos núcleos como responsável pela movimentação financeira, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Segundo o promotor Manoel Antunes, uma das práticas é a movimentação fragmentada de valores.
Desta forma, depois de passar por várias pessoas físicas ou jurídicas, o dinheiro chega à cúpula da facção. Ao todo, 32 pessoas foram investigadas, das quais 25 delas tiveram as contas bancárias bloqueadas, sendo que a Justiça deferiu o sequestro de até R$ 2 milhões de cada uma das contas. Além disso, dos 14 investigados com prisão decretada, nove seguiam no sistema prisional cometendo os crimes apurados na Operação Centauro.