A alta dos preços dos alimentos está levando o ijuiense a trocar marcas conceituadas por preços mais atrativos, nas compras no supermercado. A troca da qualidade por preço baixo é justificada como necessária para manter a quantidade de comida na mesa. Com isso, subprodutos estão cada vez mais presentes nas gôndolas dos supermercados. São os casos do soro do leite, mistura láctea condensada, requeijão com amido de milho e de uma série de alimentos que deixam de ter em sua composição o produto em si, para conter o “produto à base de” ou “produto sabor de”.
Nesta semana, a Rádio Progresso esteve em três mercados de Ijuí para ouvir da população as alternativas encontradas para enfrentar a crise financeira que se acentua cada vez mais. Uma das alternativas descritas é a troca da carne por alimentos processados/enlatados, como salsicha, sardinha e ovos. É o caso do aposentado José Lins Corrêa. “Não deu mais pra comprar carne para todos os dias. Há pouco tempo dava, por mais que o sapato apertasse às vezes. Agora a gente substitui por salsicha, ovo, mortadela. Todo dia é um improviso diferente”, disse.
Já as donas de casa tiveram que optar por produtos de limpeza mais em conta, em detrimento dos que utilizavam com frequência, de marcas conceituadas. “Antes eu sempre comprava de marca boa, ‘melhorzinha’, hoje é tudo do mais barato mesmo, pra não ficar sem nada. Hoje eu pago por um sabão em pó marca nova, o mesmo que pagava por um bom há três anos”, disse Amélia Dal Forno, incrédula que as poucas compras da semana totalizaram mais de R$ 200. “Mesmo pegando do mais barato e poucas coisas, deixei mais de R$ 200 no mercado e ainda faltou coisa”, lamentou.
A dona Lúcia Rodrigues, que encontrou outra atividade para complementar a renda, depois da aposentadoria, disse estar em dúvida sobre a qualidade dos bolos de pote que comercializa, pois trocou o leite condensado pela mistura láctea. “Tu viu o preço do leite condensado, minha filha? Não tem como, ou eu mudava, ou tinha que aumentar o valor dos bolos, e aí ninguém compra”, disse.
O salário mínimo ideal para uma família de quatro pessoas conseguir viver deveria ter sido de R$ 6.527,67 em junho de 2022, avaliou o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na mais recente análise sobre o preço dos itens da cesta básica.
A inflação acumula nos últimos 12 meses aumento de 11,89%. Somente em junho, o índice acelerou 0,67%, a maior taxa para o mês em quatro anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Itens de alimentação e bebidas lideraram a alta dos preços no mês (0,8%). Em um um ano, o aumento registrado pelo grupo é de 13,93%.