A Polícia Civil concluiu que Rosaura Vaz, de 80 anos, não foi velada ainda viva, em Bagé, em agosto, conforme suspeitavam os familiares. A conclusão foi apresentada em entrevista coletiva, no começo da tarde de quarta-feira (4), pelo delegado Luís Eduardo Sandim Benites com base nos laudos do Instituto Geral de Perícias.
Segundo o delegado Benites, a hora da morte de Rosaura é compatível com a hora informada no atestado de óbito entregue pela Santa Casa. A morte teria ocorrido em um intervalo menor de 24h e maior de 12h. Como a necropsia ocorreu às 20h do dia seguinte, o período coincide com o horário determinado pelos médicos.
O laudo do IGP aponta que todos os procedimentos feitos após a morte, como o tamponamento das vias aéreas, foram feitos de forma correta, o que impossibilitaria que a idosa estivesse viva após oito horas de velório, já que a técnica impede a entrada de ar. O perito médico legista Leonardo Fernandes, que fez a necropsia, explica que, caso o tamponamento fosse realizado na paciente ainda viva, haveria sinais de asfixia, o que não foi verificado.
Além disso, ele acrescenta que, conforme pôde confirmar, todos os procedimentos indicados para atestar a morte de uma paciente foram obedecidos.
“Pelo que vi no prontuário, tinha a assinatura de dois médicos e de uma enfermeira. Ela também estava na UTI, então, provavelmente, estava monitorada. E em uma cópia de uma ressonância informava que ela tinha um cisto cerebral de um centímetro e pouco.”
O legista descreve ainda que Rosaura teve duas paradas cardíacas na noite da morte. Na primeira, foi reanimada, mas teve outra logo a seguir, o que definiu o óbito.
Em relação à precisão do aparelho usado pela família para aferir a pressão arterial, tanto o delegado como o perito afirmam que não podem aferir. O que o médico sustenta é que, sem dúvidas, não havia pulso nem pressão arterial na idosa.
Ele afirma também que cada metabolismo apresenta diferentes reações, em função de idade, massa corporal e até medicações usadas antes da morte, o que não significa que os sinais vitais estivessem presentes.
A medição feita pela família, segundo um dos filhos de Rosaura, apontou 12 por sete. Eles também acreditam que a temperatura do corpo não havia baixado durante o velório.
O delegado disse, ainda, que ouviu funcionários do hospital, da funerária, familiares de Rosaura e o médico que atestou a morte da idosa. Com base nesses depoimentos e no exame de necropsia, ele conclui que não havia a possibilidade da senhora estar viva após oito horas de velório.
A Polícia Civil dá o caso por encerrado e deve remeter ainda nesta quarta o inquérito concluído ao Judiciário.