A Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta terça-feira (11), mandados judiciais de apreensão e sequestro de bens contra o juiz do trabalho Luiz Fernando Bonn Henzel, suspeito de participar de um esquema de fraude de leilões judiciais em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Foram bloqueados 14 imóveis, que juntos somam mais de R$20 milhões, e três carros – sendo uma caminhonete importada e duas de fabricação nacional.
O magistrado, que atuava na 3ª Vara do Trabalho de Canoas, está afastado das funções desde o início da investigação, em dezembro de 2024. A defesa do juiz, em contato com a reportagem, afirma não possuir ainda “conhecimento da justificativa do pedido. Após acessarmos, iremos nos manifestar nos autos”.
Segundo a PF, todos os bens sequestrados foram, ao menos em parte, adquiridos com recursos provenientes do crime de corrupção passiva.
De acordo com o delegado Lucas Bohrer, o juiz favorecia leiloeiros nomeando eles para processos de execução trabalhista e, em troca, recebia a propina. Ainda de acordo com o delegado, a investigação apurou que grande parte dos bens apreendidos foram adquiridos por meio da gratificação.
— Nós identificamos, a partir da análise dos elementos obtidos nas buscas, que grande parte desses bens foram adquiridos diretamente com pagamento de propina, por intermédio desses dois leiloeiros, e esses bens eram registrados em nome do magistrado e dos seus familiares.
A partir da quebra de sigilo telefônico e da confissão de dois suspeitos, a Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal no RS afirma em relatório enviado à Justiça que o magistrado recebeu o montante de R$ 6 milhões de propina.
Os dois leiloeiros, que chegaram a ser presos na primeira fase, confessaram a participação no esquema e apontaram a participação do magistrado. A PF tem como prova, também, conversas em aplicativos de mensagens entre os leiloeiros e o magistrado. Em algumas, o juiz encaminha boletos de cartão de crédito ou de faculdade de um familiar para que fossem quitadas. Segundo a investigação, uma forma de maquiar o pagamento de valores indevidos.