Em evento do Tá na Mesa, nesta quarta-feira (03), em Porto Alegre, a Federasul reuniu cinco ex-governadores para debater soluções para enfrentar o evento climático sofrido pelo Rio Grande do Sul em maio. Governador entre 1987 e 1990, Pedro Simon (MDB) trouxe à tona o problema da dívida do Estado com a União. Simon lembrou que a federalização da dívida aconteceu ainda no governo Sarney, antes do plano real, e que no início até trouxe bons resultados na economia do país, mas depois acabou fracassando na tentativa de enfrentar a hiperinflação. Por isso, o ex-governador defende que neste momento é necessário discutir, qual era o valor da dívida do Rio Grande do Sul, o quanto já foi pago e quanto realmente ainda está sendo devido. “Nós já pagamos algumas vezes a dívida, e a dívida continua aumentando. E não tem chance de acabar. Agora é o momento de atualizar”, comentou Pedro Simon, que ainda relembrou outro momento, já como senador da república em que discutiu com seus colegas e com o presidente Lula na época, e que uma comissão deveria tratar o assunto da dívida, que nunca saiu do papel.
Também do MDB, Germano Rigotto (2003-2007), fez coro ao colega Simon, mas lembrou que isso não resolve o problema. O ex-governador destaca que o Governo do Estado já não está pagando a dívida há muito tempo, em razão de uma liminar do Supremo Tribunal Federal, e depois por conta do Regime de Recuperação Fiscal, ou seja, não significa dinheiro em caixa. Rigotto defende um acerto de contas, com o perdão da dívida bem embasada em critérios, para evitar que outros Estados devedorem também queiram o mesmo pleito gaúcho. O emedebista ressalta que as medidas anunciadas pelo governo federal são insuficientes e pede que o Aeroporto Salgado Filho tenha uma solução definitiva rápida e que as empresas recebam recursos a fundo perdido, para que elas possam manter empregos e se recuperar adequadamente.
Chefe do Executivo gaúcho entre 83 e 87, Jair Soares (PP) vai além. O ex-governador progressista entende que o Governo do Estado deveria buscar um empréstimo junto a bancos internacionais, com os recursos necessários para a reconstrução e para obras de prevenção à novas catástrofes, como desassoreamento de rios. Algo hoje vedado ao Executivo, justamente por conta do endividamento com a União e os programas para renegociação e pagamento. José Ivo Sartori (MDB) (2015-2018), antecessor de Eduardo Leite, chama a atenção para o pacto federativo, que deve ser rediscutido, para que os municípios não sejam prejudicados. E Yeda Crusius (PSDB) (2007-2011) criticou a lentidão do governo federal em anunciar medidas para auxiliar a reconstrução do Estado.
Os ex-governadores do PT, Olívio Dutra e Tarso Genro foram convidados, mas não compareceram. Ambos disseram que já tinham outros compromissos. Alceu Colares (PDT) está com problemas de mobilidade e Antônio Brito (MDB) estava fora do Estado, por isso também não compareceu.