No último dia 25 de maio, foi comemorado o Dia Nacional da Adoção, uma data que celebra a esperança de muitas crianças e adolescentes por um lar. Para marcar a data, a Rádio Progresso conversou com a Juíza de Direito, titular da 2ª Vara Criminal e do Juizado da Infância e Juventude da comarca de Ijuí, Maria Luiza Pollo Gaspary, que trouxe detalhes sobre o processo de adoção.
Segundo a magistrada, o processo de habilitação para adoção em Ijuí é relativamente ágil. Na primeira etapa, o interessado deve se dirigir ao juizado de infância e juventude, sem necessidade de advogado, onde receberá informações sobre como iniciar o procedimento. Após essa orientação, o casal ou pessoa interessada passa por avaliações psicológicas e sociais, além de participar de um curso de adoção. Essas etapas visam garantir que os candidatos estejam preparados para assumir a responsabilidade de cuidar seja de uma criança ou adolescente.
Ela destacou ainda que, atualmente, há sete adolescentes e nove crianças aguardando adoção na comarca de Ijuí. A maioria dessas crianças faz parte de grupos de irmãos, o que torna o processo de adoção mais desafiador, pois muitas vezes é necessário acolher duas, três ou até quatro crianças ao mesmo tempo. Segundo a magistrada, a procura por crianças menores ainda é bastante presente, refletindo uma preferência comum entre os adotantes.
Ainda segundo a Juíza, o processo de habilitação para adoção, por si só, é rápido, mas o que costuma levar mais tempo é a preparação das crianças e adolescentes. Isso ocorre porque, muitas vezes, é preciso que os pais biológicos abram mão do poder familiar ou que haja uma destituição desse poder, o que demanda processos jurídicos específicos.
Atualmente, as crianças disponíveis para adoção em Ijuí estão inseridas em dois programas principais. O primeiro é o Família Acolhedora, onde pessoas da comunidade acolhem temporariamente crianças e adolescentes até que sejam colocados em famílias substitutas ou retornem às suas famílias de origem. O segundo é o Apadrinhamento Afetivo, no qual os interessados participam do dia a dia da criança, sem levá-las para casa, proporcionando um vínculo afetivo que pode facilitar uma futura adoção.
Atualmente em Ijuí são 30 famílias ou pessoas sozinhas interessadas em adotar, com processos em andamento. Em números recentes, em 2022, foram realizadas 18 adoções de crianças e adolescentes em Ijuí; em 2023, esse número foi de 12, e até o momento de 2024, já ocorreram três adoções, além de sete crianças que estão em estágio de convivência.
A Juíza reforçou que, apesar de ser um tema ainda cercado de tabus e ideias equivocadas, a adoção tem, na maioria das vezes, um final feliz. Para ela, trata-se do início de uma história de amor e esperança, que transforma vidas e oferece novas oportunidades às crianças e adolescentes que aguardam por uma família.
Ouça abaixo a entrevista completa com a Juíza de Direito, titular da 2ª Vara Criminal e do Juizado da Infância e Juventude da comarca de Ijuí, Maria Luiza Pollo Gaspary: