Para presidente do Sindicato Rural de Ijuí, estiagens poderão dificultar investimentos pelo novo plano safra

O plano safra do governo federal, para o período 2023/2024, destinado à média e grande agricultura vai disponibilizar 364 bilhões, 220 milhões de reais. O lançamento aconteceu ontem. O aumento é de aproximadamente 27% em relação ao atual plano safra que termina dia 30 deste mês. 272 bilhões, 120 milhões de reais serão destinados ao custeio e comercialização e outros 92,1 bilhões para investimentos.

As taxas de juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para os agricultores. Já para investimentos, as taxas de juros variam entre 7 e 12,5% ao ano, de acordo com o programa. Serão premiados os produtores rurais que já estão com o Cadastro Ambiental Rural  (CAR) analisado e também aqueles agricultores que adotam práticas agropecuárias sustentáveis.  

A redução vai ser de 0,5 ponto percentual na taxa de juros de custeio para os produtores rurais que possuírem o CAR  analisado, em uma das seguintes condições: em Programa de Regularização Ambiental, sem passivo ambiental ou passível de emissão de cota de reserva ambiental. Também terão direito à diminuição de 0,5 ponto percentual na taxa de juros de custeio os produtores que adotarem práticas de produção agropecuária consideradas mais sustentáveis, como: produção orgânica ou agroecológica, bioinsumos, tratamento de dejetos na suinocultura, pó de rocha e calcário e rebanho bovino rastreado.

A partir deste ano, o Moderagro passa a financiar também correção de solo, com utilização de calcário mineralizadores e fosfatagem. O limite de renda bruta anual para o enquadramento no Pronamp passa de 2 milhões e 400 mil reais para 3 milhões. Quem está enquadrado no Pronamp vai ter taxa de juros mais baixas para a aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas por meio do Moderfrota.

O acesso aos recursos do Moderfrota vai ter taxa de juro de 10,5% ao ano para o Pronamp, sem limite de financiamento. Para os demais produtores, a taxa de juros permanece em 12,5%. O limite de financiamento de investimentos no Pronamp passa de 430 mil para 600 mil reais por beneficiário ao ano.  

O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns vai ter aumento no volume de recursos de 81% para construção de armazéns com capacidade de até seis mil toneladas e de 61% para armazéns de maior capacidade. Outro destaque é o aumento de 30% nos valores destinados ao  Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga).

Sindicato Rural de Ijuí

Para o presidente do Sindicato Rural e Patronal de Ijuí, Ércio Eickhoff, o novo plano safra para médios e grandes produtores traz volume de recursos suficientes. Ele acredita que para custeios os agricultores se obrigam a obter as verbas governamentais, visto necessidade de financiamento das lavouras, até porque precisam plantar.

No entanto, ele entende que para investimentos haverá bastante restrição dos produtores, por exemplo, na compra de maquinários, pois muitos estão descapitalizados em razão das últimas estiagens que causaram grandes perdas no campo. Até porque, segundo Eickhoff, os agricultores têm contas a pagar de safras passadas e solicitam prorrogação dos débitos.

Quanto aos juros de 8% para financiamentos de custeio para produtores enquadrados no Pronamp e de 12% para demais agricultores, o presidente do Sindicato Rural de Ijuí frisa que ficaram quase no mesmo patamar do plano safra que está em fase final. Se por um lado os custos de produção reduziram, por outro os preços pagos ao produtor também caíram, especialmente trigo, milho e soja, o que é problema para a agricultura.

Novo plano safra agricultura familiar

Hoje, às 10 horas, o governo federal vai divulgar o novo plano safra para a agricultura familiar. Entre as novidades da safra 2023/2024 estarão o volume de crédito do Pronaf, que vai ser o maior da história e juros mais baixos para a produção de alimentos, aquisição de máquinas e práticas sustentáveis, como bionsumos, sociobiodiversidade e transição agroecológica. Também serão destaques do anúncio a ampliação do microcrédito rural para agricultores familiares de baixa renda e criação de linhas específicas e melhores condições de acesso para mulheres, jovens e povos e comunidades tradicionais.