Presidente da Gadolando defende cota ou taxação de leite importado do Mercosul

Não é de hoje que a crise leiteira que se abate sobre produtores do Rio Grande do Sul é tema de discussão em diferentes momentos e instâncias, porém, a situação preocupa cada vez mais. Nesta semana, na Expointer, em Esteio, agricultores e entidades instalaram uma faixa que alerta sobre a redução constante de produtores de leite e que vai ser difícil recuperar o setor.

Hoje pela manhã, durante entrevista na RPI, o presidente da Gadolando – Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul – Marcos Tang, disse que a faixa significa o clamor dos agricultores para que algo seja feito, além de mostrar aos consumidores a realidade do segmento leiteiro gaúcho.

Marcos Tang frisou no atual momento acontece redução de até 20 centavos por mês no litro do leite pago para o produtor. Há agricultores que recebem 1 real e 65 centavos por litro, muito pouco se analisar o custo de produção. Em detrimento, o preço do leite ao consumidor praticamente só aumenta. Historicamente, o período de maio a agosto é de acréscimo de valor pago para o agricultor, mas em 2023, pela primeira vez nos últimos anos, ocorre baixa.

De maneira imediata, o presidente da Gadolando entende que os governos precisam estipular cota ou taxas para importação do leite do Mercosul, um dos motivos da queda de preço ao produtor. Marcos Tang alertou que os agricultores que deixam a área leiteira, dificilmente retornam, pois precisam reorganizar o rebanho, ainda investimentos em infraestrutura, dentre outras áreas.

Ontem, na Expointer, foi apresentado o relatório socioeconomico da cadeia produtiva do leite. Os dados apontam que o número de produtores de leite no Rio Grande do Sul reduziu 60,78% de 2015 para cá. De 84.199, agora está em 33.019 neste ano. Com isso, o rebanho leiteiro gaúcho encolheu 34,47% no período.

Também na Expointer, houve divulgação da “Radiografia da Agropecuária Gaúcha” de 2023, com informações relativas ao último ano. No segmento leiteiro, Augusto Pestana tem o segundo maior rebanho do Rio Grande do Sul e Ijuí o nono.

O primeiro município com maior rebanho de gado leiteiro é Santo Cristo; terceiro, Crissiumal; quarto, Ibirubá; quinto, Marau; sexto, Campina das Missões; oitavo, Cândido Godói e, décimo, Três Passos. Ano passado, o Rio Grande do Sul importou 132 milhões de dólares em leite, praticamente o dobro em relação a 2021, especialmente do Uruguai e Argentina.