Ao avaliar o cenário econômico do país, o professor Argemiro Brum, mestre e doutor em economia da Unijuí, disse na Rádio Progresso que existem muitos pontos positivos, mas entende que há mais situações negativas na economia do Brasil. Entre as positivas, citou que há a perspectiva de um crescimento econômico para este ano acima de 2%, segundo o Banco Central, e desemprego formal considerado pelo Caged, bem reduzido de cerca de 6%.
A dívida pública e o rombo fiscal anual que soma a cada ano, vai aumentando e apesar do teto de gastos, arcabouço fiscal e outras medidas tomadas, este rombo continua crescendo. O professor Argemiro frisou que isto provoca uma situação de pressão inflacionária, continuando com inflação acima do teto da meta de 4,5%, com a projetada para mês de junho estria em torno de 5,3% ao ano.
Com isto, o Banco Central continua aumentando a taxa Selic, com o último crescimento de junho ficando maior de 15% ao ano. Sendo assim, acaba elevando os demais juros da economia, inviabilizando boa parte da iniciativa pública e privada. O economista disse que o aumento dos juros, acaba freando o crescimento da economia, na tentativa também de conter a inflação, para deixar na média de 3% ao ano.
Observou que esta situação toda acaba deixando a economia muito debilitada, somando-se a isso as discussões em relação ao aumento ou não de impostos, para compensar este rombo, como forma de recuperar os cortes que o governo prometeu para o orçamento deste ano.
Lembrou de outra parte sobre o IOF, que foi judicializado em função de o executivo buscar auxilio do STF, quando o congresso não aprovou as medidas adotadas pelo governo. Disse que isto teve um objetivo claro quando foi criado, no entanto, a situação proposta agora com o aumento se tornou arrecadatória e não regulatória.
O professor citou que isto ocorre porque o estado está gastando mais do que arrecada e de forma equivocada. Desta maneira vai carregando nas costas da população produtiva, a ineficiência do governo que mantem uma carga muito elevada de impostos, com 34% do PIB anual. Comparado com a China, lembrou que possui 23% do Produto Interno Bruto.
Sobre os produtos da cesta básica, explicou que alguns possuem redução de impostos, ou até mesmo isentos de tarifas. Mesmo assim, considera que a sociedade paga muito imposto. Explicou ainda que o que está sustentando boa parte do crescimento do PIB, que deve chegar em torno de 2% ao ano, é o consumo das famílias.
Destacou também que as famílias estão aumentando o consumo, mas acabam se endividando mais. Com isto, devido a alta de juros e outras situações, acaba aumentando a inadimplência. A população em idade em consumir e trabalhar hoje no Brasil, cerca de 50% está inadimplente.
Outra situação são os vencimentos dos trabalhadores, pois o salário médio da população brasileira está em torno de R$ 3.400,00 e o salário mínimo de R$ 1.518,00. Desta forma, o poder aquisitivo é muito baixo, aumentando assim a inadimplência, em função dos juros e impostos serem muito elevados.