As intensas chuvas que causam mortes e muitos prejuízos em áreas urbanas do Rio Grande do Sul, no atual período, também deixam severos estragos na agricultura. O diretor técnico da Emater, em âmbito de Estado, Claudinei Baldissera, ressalta que as áreas rurais têm muitos danos em todo território gaúcho, porém, com graus diferenciados, dependendo dos locais.
Segundo ele, nesse momento a Emater prioriza a preservação da vida das pessoas e animais. Observa que o montante de perdas vai demorar dias para ser definido, pois é preciso aguardar o término das enxurradas e esperar que os funcionários da Emater conseguiam ir a campo, ou seja, nas propriedades para verificar os prejuízos. Por isso, no momento, Baldissera não arrisca estipular dados financeiros de perdas. No entanto, adianta que existem muitos estragos em lavouras, animais, estradas, pontes, infraestrutura de produtores, dentre outros aspectos.
Ontem, às 6 horas e 30 minutos, ele ampliou esses assuntos durante entrevista no programa Progresso Rural da RPI. Em relação à soja, o diretor técnico da Emater explica que 76% da área dos 6 milhões, 680 mil hectares plantados nessa safra no Rio Grande do Sul já foram colhidos. Dos 24% restantes, ele acredita que haverá muita perda. Inclusive, já há registros de sementes que germinam nas vagens pelo excesso de umidade, até porque, pouco antes das chuvaradas do momento, outras chuvas resultaram em muita umidade.
O rendimento médio da soja no Rio Grande do Sul está entre 55 e 56 sacas por hectare. Porém, se avaliar por regiões, esse dado se altera. Por exemplo, dentre os 44 municípios do escritório regional da Emater, com sede em Ijuí, a produtividade é de 61,3 sacas; região de Erechim, 63.7; regional de Passo Fundo, 63,6; regiões de Frederico Westphalen e Caxias do Sul, 62,4 sacas. Já a região de Bagé tem menor rendimento, com média de 45,4 sacas de soja por hectare. Aliás, Claudinei Baldissera destacou que na região de terras baixas, por exemplo, em Pelotas, existe muito atraso na colheita da soja, visto que o plantio ocorreu de forma tardia pelo excesso de chuva.
No Progresso Rural, ontem pela manhã, o diretor técnico da Emater ainda falou referente ao milho, que está com a colheita em 83%, e a preocupação com as hortaliças, que deverão ter muitos prejuízos pelos alagamentos e chuvas em excesso. Baldissera esclarece que as hortaliças também precisam de muita mobilidade, ou seja, a colheita e transporte até os pontos de venda ocorrem durante curtos períodos. Nesse âmbito, os problemas em estradas, em consequência das chuvaradas, também dificultam o deslocamento, dessa maneira, mais perdas.
Em relação aso lavouras de inverno deste ano, Claudinei Baldissera pede cautela aos agricultores a fim de aguardar as águas e umidade reduzirem para, somente após, efetuar plantio, por exemplo, da canola, aveia e trigo. Aliás, a canola já está com cultivo, mas os estragos devido às chuvas ainda não podem ser mensurados. No Progresso Rural de ontem, o diretor técnico da Emater ainda destacou impactos negativos que poderão acontecer na produção leiteira gaúcha, pois as pastagens sofrem muito com o excesso de umidade. Abaixo, confira a entrevista com Claudinei Baldissera: