Pesquisa indica que para cada caso confirmado de covid-19 em seu território, o Rio Grande do Sul tem 12 casos que não foram notificados, ou seja, a estimativa é de que o Estado tenha 15.066 pessoas infectadas pelo coronavírus, o equivalente a um caso a cada 769 habitantes. Na primeira fase, o estudo apontava que havia um casa a cada 2 mil habitantes. Os dados foram divulgados em transmissão ao vivo pelas redes sociais do Governo do Estado na manhã desta quarta-feira (29). A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e outras 12 universidades (entre elas a Unijuí) para identificar a prevalência do coronavírus no Rio Grande do Sul e apresentada pelo reitor da UFPel, Pedro Rodrigues Curi Hallal. Esta é a segunda fase da pesquisa, que aplicou testes rápidos em 4,5 mil pessoas entre os dias 25 e 27 de abril, em nove cidades: Porto Alegre, Canoas, Ijuí, Passo Fundo, Uruguaiana, Pelotas, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul, que juntas representam 31% da população gaúcha, estimada em 11 milhões. Cada município testou 500 pessoas. A primeira etapa foi desenvolvida duas semanas antes, entre os dias 10 e 12 de abril.
Das 4,5 mil pessoas entrevistadas pelo estudo, seis testes foram positivos, o que indica que 0,13% dos gaúchos tem anticorpos desenvolvidos para o combate ao coronavírus. Os testes positivos foram registrados em Porto Alegre (3), Pelotas, Santa Maria e Canoas. Para cada teste positivo, o estudo testou as pessoas que moram no mesmo domicílio, apenas um teste positivo residia sozinho. Dos 12 familiares da pessoas infectada, nove testaram positivo, que segundo Pedro Hallal demonstra o alto nível de transmissibilidade do vírus em ambiente domiciliar. Nos casos de Porto Alegre, os 2 testes positivos que moravam com outras pessoas, registraram que todos os familiares também contraíram o coronavírus, um deles com mais 4 pessoas e outro com mais um caso. O reitor da UFPel destaca que o diferencial do estudo é observar uma mesma população ao longo do tempo e ressalta que o teste representa a realidade de duas semanas atrás, pois leva de 7 a 10 dias para as pessoas assintomáticas desenvolverem os anticorpos contra o coronavírus. Por isso, Hallal descartou que o teste pudesse alterar seus critérios para testar a população de Lajeado, que registrou elevação de casos nos últimos dias. Para este município e Passo Fundo, que embora tenha surto da covid-19 não teve nenhum teste positivo entre os 500 pesquisados, o reitor defende e se coloca à disposição para desenvolver um estudo que represente a realidade do município, no qual a metodologia seria diferenciada do estudo apresentado, que representa a realidade de todo o Estado e não de um local isolado.
O estudo conclui que a prevalência do coronavírus no Estado segue baixa, embora o número de casos notificados sejam “a ponta do iceberg”, e indica que há uma superestimativa da taxa de letalidade em solo gaúcho. De acordo com os dados notificados, a taxa de letalidade no RS é de 3,6%, pois há 49 óbitos em relação aos 1.350 casos confirmados (números da terça-feira, 28), no entanto, como o estudo indica que há 15.066 casos ao todo, a taxa de letalidade cai para 0,33%, o que indica 3 vítimas fatais a cada mil casos. Com as margens de erro, a taxa varia entre 0,15% a 0,87%. Pedro Hallal comenta que mesmo que todos os gaúchos tenham coronavírus, pelas estimativas, o número de mortes por coronavírus poderia chegar a 36,3 mil.
O estudo também entrevistou as pessoas sobre as medidas de distanciamento social decretadas pelo governo. Nesta etapa foi registrado um aumento no número de pessoas que saiam de casa diariamente. No primeiro estudo, 20,6% responderam que continuavam saindo de casa todos os dias, enquanto na segunda etapa o número subiu para 28,3%. A pesquisa indicou leve quedas nas outras respostas. Quem informou que saia apenas para atividades essenciais recuou cerca de 5%. Na primeira etapa, o índice era de 58,3% e na segunda, 53,4%. Quem respondeu que ficava apenas em casa era 21,1% na primeira pesquisa e 18,3% na divulgada hoje. Os resultados também são apresentados por cidade, para auxiliar os prefeitos em relação às medidas de restrição. Porto Alegre, de acordo com a pesquisa, é o município que mais respeita o distanciamento social, com apenas 19,4% dos entrevistados afirmando que saem diariamente, enquanto 63,2% afirmam sair apenas para atividades essenciais e 17,4% dizem não deixar suas residências. Ijuí está entre as cidades pesquisadas que mais mantém a normalidade, com 33,8% da população saindo diariamente e 48,2% afirmando que saem apenas para atividades essenciais. Quem respondeu que fica apenas em casa representa 18%.
Na primeira etapa, o estudo indicou que o Rio Grande do Sul teria 5,6 mil pessoas infectadas com coronavírus, o que representava quase 5 mil casos a mais do que os registrados. A pesquisa apontou que o contágio era 15 vezes o número de casos confirmados. O estudo estimou que a cada 1 milhão de habitantes há 500 infectados, dos quais só 65 casos notificados e com 1,2 mortos. A próxima etapa será realizada entre os dias 9 e 11 de maio. O estudo gaúcho, considerado o maior sobre a prevalência de coronavírus no mundo, será também aplicado no Brasil, com 33.250 testes a ser realizados no dia 5 de maio em 133 cidades de todos os Estados.