A coordenadora epidemiológica do município de Ijuí, Andreia Amorim dos Santos, confirmou à reportagem da Rádio Progresso nessa manhã (19) a morte de um homem de 70 anos por malária. Ele viajou recentemente para Angola, no continente africano, a trabalho, onde permaneceu até o dia 15 de março. Dois dias após retornar ao município de Ijuí, o idoso buscou atendimento junto a rede municipal de saúde, relatando um quadro de febre. O homem recebeu tratamento e foi liberado sem o diagnóstico, mas voltou a procurar atendimento mais quatro vezes, e só depois foi hospitalizado.
No dia 10 de abril o paciente veio a óbito em decorrência de falência renal e hepática. No dia 11, o município recebeu o exame do Lacen confirmando a infecção por malária. Segundo Andreia Amorim, em 26 anos de atuação junto a saúde de Ijuí, esse é o primeiro caso da doença no município.
Ainda segundo ela, essa é uma doença que pode começar devagar e ir evoluindo e agravando. A coordenadora afirma que o diagnóstico demorou porque em nenhum momento o idoso relatou que havia viajado pra África, o que poderia ter auxiliado na identificação do caso, já que a malária é comum naquele país. Segundo Amorim, o paciente foi infectado pela variante Plasmodium falciparum, mais letal que o vírus da malária que existe no Brasil.
Sobre a malária: uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles, conhecido como mosquito-prego. É considerada um importante problema de saúde pública global e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge milhões de pessoas no mundo. Se não for tratada e diagnosticada de forma adequada, a malária pode evoluir para sua forma grave.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil 99% da transmissão da doença acontece em mais de 800 municípios, em nove estados — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nos demais estados, apesar do número baixo de notificações, o número de mortes é maior, devido, principalmente, ao diagnóstico e tratamento tardios. Nesses estados, geralmente são casos importados de outros estados ou países. No Brasil não existe vacina contra a malária. A vacina disponível serve apenas para alguns países africanos com alta transmissão e é exclusiva para crianças.