Após três estiagens consecutivas no Rio Grande do Sul e uma série de eventos climáticos extremos, os produtores rurais do estado enfrentam severas dificuldades. As frustrações de safras, instabilidades nos preços dos produtos agrícolas e, mais recentemente, grandes acumulados de chuvas provocaram perdas que impossibilitam milhares de agricultores de efetuarem o pagamento de dívidas e arcarem com os custos de uma nova safra. Além disso, as propriedades situadas nas regiões afetadas pelas enchentes tiveram perdas de infraestrutura, maquinário, animais e prejuízos no solo.
Os agricultores têm solicitado auxílio do governo federal, reivindicando aumento no prazo para o pagamento das dívidas para 15 anos, com carência de dois anos; ampliação de linhas de crédito, com juros de no máximo 3%; e fundo garantidor para agricultores que estão endividados também terem acesso a empréstimos.
Cerca de 5 mil produtores se mobilizaram na última quinta-feira (04/07) no evento SOS Agro, em Cachoeira do Sul, apresentando a pauta de reivindicações. O secretário estadual da Agricultura, Clair Kuhn, manifesta sua preocupação. “Muitos produtores do agro não vão mais plantar. E se plantarem vão ter uma dificuldade em adquirir produtos e insumos. E se adquirirem, vão adquirir produtos e insumos de baixa qualidade. Vão pôr menos adubação na propriedade, com menos fertilidade, e diminuir a produção final. Já teve no passado um processo similar de reconhecimento de endividamentos impagáveis, que é o que acontece nesse momento”, explica Kuhn.
No dia seguinte, em evento de entrega de maquinários agrícolas do Ministério da Agricultura com a presença do ministro Carlos Fávaro, o secretário Clair Kuhn destacou que os prejuízos no agro refletem em toda a economia e que o estado precisa de aportes do governo federal. “O Rio Grande do Sul tem sido um grande trabalhador, gerador de recursos para a riqueza do agro que gera o sustento da cidade. Nós ajudamos o Brasil com os recursos aqui gerados, com a tecnologia aqui também gerada. Porque se as máquinas não forem mais comercializadas, logo ali na frente os metalúrgicos também não terão mais seus empregos. Então precisamos de recursos que precisam vir do ente mais forte que é o governo federal.” Kuhn também intermediou encontro de representantes do movimento SOS Agro com o ministro Fávaro, onde os agricultores entregaram em mãos ao ministro as reivindicações.
A defesa dos pedidos dos produtores rurais teve sequência em uma série de audiências liderada pelo vice-governador Gabriel Souza em Brasília, terça-feira, 09, em Brasília. A comitiva gaúcha contou com a participação dos secretários da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Clair Kuhn, do Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, além de representantes de entidades ligadas como Farsul, Fetag e Ocergs, e deputados das bancadas estadual e federal. As lideranças reforçaram a pauta de reivindicações do Rio Grande do Sul em reuniões com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco. A delegação do RS também acompanhou a audiência pública da Comissão Externa para avaliar os danos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, na Câmara dos Deputados.
Kuhn afirmou que os encontros foram importantes para colocar em pauta no Congresso Nacional as necessidades do agronegócio, um dos principais motores da economia gaúcha. “Conseguimos expor as dificuldades dos agricultores e principalmente do acesso a crédito. São pedidos que precisam ser atendidos com urgência e que vamos acompanhar até a resolutividade da situação”, frisou.