O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) divulgou nesta semana mais uma das análises que relaciona a situação vacinal e os riscos de hospitalização e óbitos pela covid-19. O levantamento reforça que, quanto mais doses recebidas, mais protegida a pessoa está.
O segundo reforço, para quem tem mais de 40 anos, mostrou-se capaz de reduzir pela metade as chances de morte, em relação a quem tinha apenas o primeiro reforço. Nas demais faixas etárias, o primeiro reforço também registrou uma significativa redução nos riscos de hospitalizações em adultos de 18 a 39 anos e adolescentes de 12 a 17 anos, assim como o esquema completo para crianças de 5 a 11 anos.
Conforme ressalta a diretora do Cevs, Tani Ranieri, os dados demostram a importância e a eficácia da vacinação. “Estamos agora entrando em uma nova estratégia com a vacinação bivalente, porém, ainda observamos e percebemos o quanto a vacina monovalente continua se mostrando efetiva na redução dos casos de hospitalizações e óbitos pela covid-19”, afirma. “Por isso, quem está com alguma dose atrasada ou por fazer deve procurar o posto de vacinação para colocar o seu esquema em dia”, completa.
A apuração foi realizada a partir dos dados de hospitalizações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados entre os meses de abril de 2022 a janeiro de 2023 no Rio Grande do Sul. Esses dados foram cruzados então com os registros de vacinados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações.
Redução nas chances de morte
A base de dados relacionou cerca de 2,4 mil óbitos em virtude do coronavírus ocorridos no período no RS. Desses, 97% aconteceram em pessoas com 40 anos ou mais, sendo 86% do total em idosos com mais de 60 anos. Por representarem maior risco, pessoas dessas faixas etárias receberam a orientação de buscar os postos de vacinação para um segundo reforço.
Entre a população de 40 a 59 anos, as pessoas com segundo reforço apresentaram uma taxa de mortalidade 2,1 vezes menor do que quem tinha apenas o primeiro reforço. Essa proporção foi quase três vezes maior para pessoas apenas com o esquema primário completo e 10 vezes para quem não tinha o esquema primário completo (apenas uma dose no esquema de duas doses ou nenhuma dose recebida).
Entre os idosos, os que tinham o segundo reforço apresentaram uma taxa de mortalidade 1,7 vezes menor do que os que tinham apenas o primeiro reforço. Essa razão foi 3,5 vezes maior para quem tinha somente o esquema primário e sete vezes para quem não tinha o esquema primário completo.
Taxas de mortalidade (por 100 mil pessoas por ano) segundo situação vacinal
40 a 59 anos
60 anos ou mais
Diminuição de hospitalizações em crianças, adolescentes e adultos jovens
Para as faixas etárias abaixo dos 40 anos, a análise foi feita com base nas hospitalizações por SRAG, visto que o número absoluto de óbitos pela covid-19 foi baixo no período selecionado. Ao todo, foram 731 internações em virtude do coronavírus notificadas no intervalo em pessoas dos 5 aos 39 anos.
Os adultos jovens (dos 18 aos 39 anos) que fizeram o primeiro reforço tiveram uma taxa de SRAG 1,2 vez menor do que quem tinha somente o esquema primário e 2,1 vezes menor do que quem não tinha o esquema primário completo.
Os adolescentes (de 12 a 17 anos), por sua vez, que tinham o primeiro reforço registram uma taxa 1,7 vez menor do que quem não tinha o primeiro reforço e 2,3 vezes menor em relação a quem não tinha o esquema primário completo.
Entre as crianças de 5 a 11 anos, ainda não foi considerada a vacinação de reforço. Contudo, a análise apontou que o esquema completo de duas doses teve um efeito, reduzindo em 2,3 vezes as chances de hospitalizações.
Taxas de SRAG (por 100 mil pessoas por ano) segundo situação vacinal
5 a 11 anos
12 a 17 anos
18 a 39 anos
Mais de 5,7 milhões de pessoas com doses em atraso
O acompanhamento da vacinação contra a covid-19 do Rio Grande do Sul registra que nesta quinta-feira (23) há no Estado mais de 5,7 milhões de pessoas com alguma dose em atraso. Há hoje mais pessoas que já poderiam ter feito o segundo reforço e não fizeram do que pessoas com a dose em dia.
Além disso, ter ao menos o esquema primário completo (duas doses ou dose única) é um dos critérios para a vacinação com a dose bivalente, além de se enquadrar nos grupos prioritários, que neste momento é indicada para os idosos que vivem em instituições de longa permanência e pessoas com 70 anos ou mais.