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Tragédia em Rio Bonito do Iguaçu: o último dia de Julia Kwapis, a jovem de 14 anos levada pelo tornado que devastou o Paraná

8 de novembro de 2025

O que era para ser uma tarde comum terminou em uma das histórias mais dolorosas do tornado que atingiu o Paraná na sexta-feira (7). Julia Kwapis, de apenas 14 anos, é uma das seis vítimas fatais da tragédia em Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do estado.

A adolescente estava na casa de uma amiga quando as rajadas violentas, provocadas por um tornado de categoria EF3, transformaram a cidade em um cenário de destruição. Segundo a família, Julia foi arrastada pela força do vento — uma cena que ninguém jamais imaginaria viver.

Ferida, ela foi levada ao Hospital São José, em Laranjeiras do Sul, a cerca de 18 km dali. Ainda não se sabe quem conseguiu socorrê-la em meio ao caos. Durante toda a noite de sexta e a madrugada de sábado (8), a família viveu horas de desespero, sem qualquer notícia sobre o paradeiro da filha.

“Às 6h20 da manhã, quando estávamos procurando por ela, veio a notícia de que a Julia estava no hospital”, contou Mari Kwapis, a mãe. Com a voz embargada, ela relembra:

“A princípio, o que a gente soube é que ela foi jogada, arrastada. Ela chegou aqui em um grau muito difícil… um grau quatro de sobrevivência. Ela está muito machucada.”

O pai, Roberto Kwapis, mal consegue acreditar. No dia seguinte, Julia receberia o sacramento da Crisma, um dos momentos mais importantes da fé católica. A família se preparava para celebrar com um churrasco — um dia de festa que se transformou em luto.

“Infelizmente, a última mensagem que troquei com ela foi sobre isso”, recorda Roberto. “Ela disse que não conseguiria fazer o churrasco em casa. Era por volta das 16h45. Eu estava vindo do trabalho para casa.”

O último áudio que o pai recebeu da filha ainda ecoa como um adeus silencioso:

“A madrinha perguntou se a gente vai querer fazer churrasco amanhã ou algo do tipo.”

Julia nunca chegou a ver o amanhecer do dia que tanto esperava.

Hoje, o nome dela se soma às vítimas de uma das maiores tragédias climáticas da história recente do Paraná, mas também é lembrado como símbolo da fragilidade e do valor da vida diante da força impiedosa da natureza.

Enquanto a cidade tenta se reerguer, fica a lembrança de uma menina cheia de sonhos — e o apelo por solidariedade às famílias que perderam tudo.

Fonte: Rádio Progresso.
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