A abertura de sol, nesta sexta-feira, ajuda os agricultores a terem melhor noção dos problemas causados nas lavouras de inverno pelo excesso de chuva. A instabilidade climática desta semana perdurou até a noite passada. O agricultor Rodrigo da Rosa, da Linha 10 Norte, distrito de Mauá, em Ijuí, encaminhou fotos para a RPI do trigo que germina nas espigas. Frisou que o cereal está pronto para colher, porém, com a mencionada situação a cultura perde o valor comercial.
O agrônomo do escritório regional da Emater, com sede em Ijuí, Gilberto Bortolini, ressalta que ainda não é possível quantificar os prejuízos no trigo. No entanto, explica que certamente existe perda de qualidade, ou seja, possivelmente várias áreas não vão ter PH nem entre 72 e 74 que é o mínimo para estabelecer certa qualidade. Abaixo desse índice o produto fica apenas para ração. Com isso, o preço por saca cai bastante, estimativa de até mais de 15 reais.
“A partir de agora, a cada chuva, há perda de qualidade e peso”, comenta Bortolini, sobre consequências no trigo. Dentre os 44 municípios do escritório regional da Emater, sediado em Ijuí, cerca de 80% do trigo está nas lavouras para ser colhido, ou seja, o impacto negativo poderá ser grande. No caso do cereal de pior situação, o agrônomo pede que os produtores avaliem se é vantagem segurar nas propriedades para alimentar os animais ou vender. Destacou que amanhã possivelmente muitos agricultores vão retomar a colheita do trigo, mesmo com umidade dos grãos acima do ideal, pois existe previsão de que a chuva volte no início da próxima semana.
No tocante à aveia, em torno de 25% ainda está nas lavouras, mas dificilmente o produto tem valor para indústria, ou seja, fica apenas para alimentação animal. E amanhã vai começar o período recomendado para plantio da soja em Ijuí e região, conforme o zoneamento agrícola. Nesse caso, o extensionista da Emater, em Ijuí, Edewin Bernich, observa que com a atual umidade do solo é preciso aguardar entre 5 e 6 dias de sol para realizar o cultivo, pois plantar com excesso de umidade já significa iniciar a safra com problemas.
Informou que é registrado atraso no preparo de áreas, como dessecação, para plantio da soja, visto que as constantes chuvas atrapalharam esse serviço. Bernich esclareceu que já se discute com agricultores a possibilidade de cultivar a oleaginosa apenas com uso de discos nas plantadeiras e não sulcadores, para evitar erosão.