Uma entrevista do prefeito Andrei Cossetin viralizou nas redes sociais na última semana. Durante a fala, ele sugere que a construção de moradias populares via Programa Casa Verde e Amarela, já encaminhada pelo município, poderia não ocorrer em caso de derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição. A fala, que motivou inúmeras denúncias anônimas à procuradoria eleitoral de Ijuí, segundo a promotora Marlise Bortoluzzi, agora é investigada pela Procuradoria Regional Eleitoral. A manifestação do chefe do executivo gerou, também, moção de repúdio assinada por Bruna Gubiani (PCdoB e PT), Josias Pinheiro, Matheus Pompeo de Mattos e Cleuton Rolim (PDT) e Beto Noronha (PT).
Na polêmica manifestação, o prefeito falava sobre um projeto aprovado pela Câmara Municipal. A proposta autoriza a prefeitura a contratar financiamento de R$ 10 milhões junto à Caixa Econômica Federal para a construção de 103 residências destinadas a famílias de baixa renda, no bairro Tancredo Neves.
— Queremos fazer 103 casas no bairro Tancredo (Neves). Mas, logicamente, com essa insegurança que estamos tendo na eleição, e aqui abro meu voto no Bolsonaro, se o Bolsonaro não se eleger provavelmente isso talvez não aconteça. Estamos esperando a eleição para dar continuidade a esse projeto, afinal são R$ 10 milhões. Estamos tendo essa insegurança política porque pode mudar o governo e todo esse projeto pode não acontecer — disse o prefeito, que acrescentou.
— Essas famílias já sabem que teoricamente vão receber lá na frente (as casas) se o governo federal teoricamente ganhar a eleição e manter o Bolsonaro. Eu aqui abro meu voto, a população de Ijuí está vendo esse monte de projeto acontecendo. É importante manter o governo federal, manter o Bolsonaro lá, para que a gente mantenha esses projetos aqui em Ijuí.
Na tribuna, Bruna Gubiani disse que a manifestação é inaceitável, pois pressiona a população carente a escolher determinado candidato por entender que há a possibilidade de perda de direitos já empenhados. O vereador Josias Pinheiro (PDT) disse que a atitude de Cossetin foi “coisa de piá”. César Busnello também criticou a manifestação do prefeito. “Uma vez ele disse que o que sai na imprensa, por exemplo, deixa de ser prioridade. Mas o que é isso? É um lobo em pele de cordeirinho”.
Cleutom Rolim disse que o prefeito tentou fazer “voto de cabresto” ao utilizar a fragilidade da população mais carente, que tanto sonha com a casa própria. Beto Noronha foi além e questionou declarações do secretário de habitação, Marcelo Buss, que também teria, – segundo ele -, feito discurso semelhante, diretamente à população.
Ricardo Adamy (MDB) disse que houve falha na interpretação da manifestação do prefeito. “Entendo que os vereadores interpretaram de uma forma e que a maneira como foi dito deu margem para mais de uma interpretação, mas falei diretamente com o prefeito e ele explicou que a fala não foi com a intenção de ofender ou pressionar a população”.
O presidente da Câmara, Matheus Pompeo de Mattos (PDT) condenou a fala do prefeito e explicou que a construção das moradias não depende da eleição de candidato A ou B, pois o recurso já está com a Caixa Econômica Federal e agora está em trâmite direto entre a CEF e o município. “Preciso tranquilizar a população porque não há a possibilidade da não execução do programa”. A moção foi reprovada.