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Medicamento que reverte overdose de cocaína é criado no Brasil

28 de maio de 2019

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram uma substância capaz de capturar a cocaína em circulação na corrente sanguínea e, assim, evitar os efeitos da droga, até mesmo quando consumida em quantidades que causam “overdose” e podem levar à morte.

A substância é constituída por nanopartículas, partículas na escala dos nanômetros, ou bilionésimos de metro, e pode ser administrada por meio de uma injeção intravenosa. Testes feitos com animais mostraram a capacidade de captura de até 70% da cocaína no organismo e o retorno quase imediato da pressão arterial e dos batimentos cardíacos ao estado normal.

“A pressão arterial e os batimentos cardíacos começam a voltar ao normal cerca de dois minutos após a administração da nanopartícula que desenvolvemos,” ressalta a farmacêutica Sarah Rodrigues Fernandes, responsável pela criação das nanopartículas.

“Ao capturar a cocaína, a nanopartícula mantém a droga aprisionada em seu interior. Não permite que a droga se difunda pelo cérebro ou outras regiões do organismo. Possibilita, então, que haja tempo para uma terapia de resgate,” acrescentou a professora Eliana Martins Lima, orientadora do trabalho. “O que nós buscamos com isso foi viabilizar uma forma de que, no momento em que o paciente começa a perder sinais vitais, seja possível ao médico ou ao Samu salvá-lo, reduzindo aquela dose tóxica que está na corrente sanguínea.”

Comercialização

A eventual disponibilização do medicamento para uso no socorro de pessoas em processo de overdose dependerá ainda de parcerias entre a universidade e laboratórios farmacêuticos. Antes de poder ser utilizado em seres humanos, o medicamento deverá ser submetido a testes clínicos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além dos testes clínicos, a indústria farmacêutica deverá custear os laboratórios de fabricação em massa e fazer a comercialização.

“Nosso papel como universidade pública é formar pessoas altamente qualificadas, jovens cientistas, pesquisadores e, no meio desse caminho, produzir conhecimento novo. É muito importante, agora, que as indústrias farmacêuticas, percebam a capacidade de contribuir com esse processo de inovação e, dessa forma, identifiquem que vão conseguir manter um espaço importante no mercado,” disse Eliana.

Fonte: Diário da Saúde