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Brasil tem fertilizantes para os próximos três meses, mesmo com conflito Rússia-Ucrânia

4 de março de 2022

O conflito entre Rússia e Ucrânia poderá repercutir no agronegócio brasileiro, mais especificamente na oferta de fertilizantes. Isso porque, o Brasil importa do Leste Europeu parte dos insumos para produzir a adubação, que é utilizada nas lavouras. A região de Ijuí, que tem uma ampla área agrícola, também fica apreensiva em relação ao assunto.

Sobre o tema, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) encaminhou nota para a Radio Progresso, após acompanhar os desdobramentos da invasão russa na Ucrânia. A entidade destaca que no momento não é possível avaliar em detalhes as consequências do conflito para o agronegócio do Brasil, porém o país tem fertilizantes suficientes em estoque para atender a demanda dos produtores brasileiros pelos próximos três meses, ou seja, com garantia para a próxima safra de inverno.

Para se ter uma ideia, o Brasil importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, o que significa em torno de 25% de tudo o que o país compra no exterior. A ANDA segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E esse insumo também é importado da Rússia.

Outro ponto de atenção se refere aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, pois o Brasil compra volume expressivo da Rússia. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual. Por fim, a Associação Nacional para Difusão de Adubos acompanha com cautela a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito, o que acarreta dificuldades para transportar os insumos.

O Sindicado da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul (SIARGS), procurada pela RPI, informou posição semelhante da ANDA, e entende que é cedo para ter posição definitiva sobre impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia na oferta de fertilizantes para a agricultura brasileira. No entanto, o SIARGS, que congrega nove indústrias gaúchas de produção de adubo, já percebe os primeiros impactos do conflito.

Confira a nota da ANDA:

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) lamenta o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e reforça que é prematuro avaliar em profundidade os possíveis impactos ao agronegócio brasileiro. A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado.

Destaca-se que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores. Registra-se que o País importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, ou seja, em torno de 25% de tudo o que compramos no exterior.

A ANDA segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E a atenção justifica-se, dado que três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia.

Outro ponto de atenção destacado pela ANDA refere-se aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, porque importamos volume expressivo da Rússia. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual. Vale ressaltar que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas.

Outra questão acompanhada com cautela pela ANDA é a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando.

No caso específico da Bielorrússia, deve-se registrar que o setor já encontrava restrições, devido às sanções internacionais relativas ao posicionamento de seu governo, contestado pela maioria das ações. Dentre as sanções, a proibição do transporte de produtos bielorrussos, incluindo o potássio, pelo território da Lituânia impossibilita o acesso aos portos marítimos.

A ANDA reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo.

Fonte: Rádio Progresso