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Polícia Civil realiza operação contra “golpe dos nudes”

29 de maio de 2023

Uma quadrilha, ligada a uma facção criminosa, começou a ser investigada pela Polícia Civil gaúcha por estar atuando em outra área além do tráfico de drogas: o golpe dos nudes. Nesta modalidade, criminosos se passam por jovens e propõe a troca de imagens íntimas com as vítimas, depois extorquindo dinheiro delas. Este grupo investigado, no entanto, literalmente usa uma adolescente nos crimes, segundo apurou a polícia. Uma menina de 17 anos, natural de Sapiranga, no Vale do Sinos, teria sido aliciada pelos investigados para fornecer imagens do próprio corpo.

O Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) investiga o caso há 11 meses. Uma parte do grupo já havia sido presa em outra ação policial, em 2022, mas dezenas de outros suspeitos foram identificados. Eles teriam dado continuidade às extorsões. Além disso, a polícia obteve novas provas, como áudios e imagens. A partir disso, é realizada nesta segunda-feira (29) uma operação policial em 11 cidades gaúchas e três catarinenses.

São cumpridos 41 mandados de prisão, 30 de busca, dois de sequestro judicial de veículos e 25 bloqueios de contas bancárias nas seguintes cidades: Porto Alegre, Viamão, Gravataí, Cachoeirinha, Canoas, Tramandaí e Imbé, no Rio Grande do Sul, além de Florianópolis, Joinville e São Cristóvão do Sul, em Santa Catarina.

Conforme inquérito, o grupo do Rio Grande do Sul tem  preferência por vítimas de fora do Estado. Quase sempre são médicos, empresários e políticos acima de 40 anos de idade e de preferência casados. Os 80 identificados são de: Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Mato Grosso e principalmente de Santa Catarina.

A investigação identificou 80 vítimas em 10 Estados. Uma delas teria perdido mais de R$ 100 mil.

O caso é investigado pelo Denarc porque traficantes estariam usando os valores obtidos com as extorsões para capitalizar a facção envolvida no caso. Segundo o delegado Rafael Liedtke, são adquiridas armas, imóveis e veículos, além do depósito de valores nas contas bancárias de laranjas.

Liedtke explica que há uma hierarquia entre os investigados:

— Há os líderes, que assumiram depois que boa parte deles foi preso na segunda metade do ano passado, e depois os responsáveis por procurar vítimas, mandar mensagens, gravar imagens e arrecadar valores, além dos laranjas. Quase todos são da Região Metropolitana e Litoral. Alguns atuam de dentro das cadeias. Então, tem uns cinco que lideram todos. São eles responsáveis por elaborar todo o plano, cooptar a adolescente que identificamos e pedir as mídias para ela.

Liedtke diz que, normalmente, os grupos que atuam com este tipo de golpe enviam para as vítimas fotos de jovens que encontram na internet. O líder desta quadrilha, no entanto, teria aliciado uma adolescente para fornecer as imagens. Esta jovem, de 17 anos, natural do Vale dos Sinos, pode ser responsabilizada ao final do inquérito. A polícia ainda investiga o aliciamento de outras meninas e também de mulheres de 18 ou 19 anos que se passavam por adolescentes.

Fonte: Agência RBS