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Pobre comendo picanha? Economista avalia frase de Lula em campanha

18 de abril de 2023

Uma das tantas frases que marcou a campanha de Luiz Inácio Inácio Lula da Silva e que gerou intensos debates foi de que “o pobre passaria a comer picanha” caso eleito. Durante entrevista à Rádio Progresso, o professor e doutor em economia Argemiro Brum analisou o que foi dito como exagero do atual presidente.

“Primeiro eu diria que foi um exagero de expressão. É muito difícil, com os preços que temos da carne e especialmente da picanha, e a renda que os pobres têm, que representam a maioria da população, conseguir consumir picanha. Não há nesse momento condições normais nem mesmo para a classe média”, disse Brum

Para o especialista, por outro lado, foi notada uma redução do custo da carne bovina que não é uma questão de política de governo. Na leitura do economista, o que aconteceu foi um caso de vaca louca no Pará e que, ao ter sido anunciado, houve cortes nas exportações para a China e outros países que são importantes compradores da carne bovina. Conforme ele, o momento é de retomada nas exportações, mas neste período há muita carne estocada no Brasil que perdeu de 20% a 30% no comércio internacional. Com a pressão de oferta houve um certo recuo no preço.

“Devemos reconhecer que o Governo vem fazendo um esforço para fazer movimentos e programas de ajuda social que ofereçam renda à classe mais pobre do Brasil. Nas condições atuais, a renda permite que haja o consumo raro de picanha. Foi um exagero e isso é muito comum durante as campanhas”, destacou.

De acordo com Brum, para o país voltar a ter uma situação mais favorável na economia deverá acontecer um movimento estrutural que resolva o problema fiscal do Estado brasileiro. “É uma situação grave, mas ainda controlável. É necessária uma reforma tributária muito bem feita. Isso pode melhorar o quadro econômico sem inflação ou com inflação baixa. No entanto, isso não é para amanhã. A renda precisa ser melhor distribuída para a sociedade como um todo possa consumir melhor até mesmo a cesta básica. Temos uma doença estrutural que está chegando em um ponto terminal. Ou resolvemos ou vamos lentamente afundando em uma minoria que consegue viver bem e uma maioria que apenas sobrevive neste país”, concluiu.

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