Sem água há dias, moradora do bairro das Chácaras de Ijuí relata: “pagando pra tomar banho no posto”

25 de fevereiro de 2025

O bairro das Chácaras de Ijuí e algumas regiões próximas vem sofrendo há dias com o desabastecimento de água. A situação se deve as obras de duplicação das paralelas da BR-285, que constantemente vem causando o rompimento de redes, comprometendo o abastecimento. No entanto, segundo moradores daquela região, essa situação se agravou nos últimos dias, e a comunidade pede medidas urgentes para solucionar o problema. Segundo a presidente do bairro das Chácaras, Lisiane Gomes, a situação é crítica já que muitos moradores não tem um copo d’água pra tomar. O cenário que vem desde o início do mês de fevereiro se agravou nos últimos dias. Ela relata que no último sábado (22) um caminhão-pipa atendeu parte da demanda, mas que já no domingo (23) outra rede se rompeu e desde então muitos moradores estão sem água. Disse que ontem (24) outro caminhão-pipa foi até o bairro, mas não conseguiu dar conta de atender a demanda de todos os moradores. Quando a água volta, por vezes, é de uma coloração escura, segundo ela.
“Eu acho um absurdo o caminhão parar numa esquina e o pessoal precisar ficar se deslocando com balde pra poder buscar a água, vejam quantos moradores são? Tem alguns locais que o caminhão não chegou nenhuma vez. Muitas vezes, quando a água voltava, vinha com cor de barro. Não temos água pra tomar banho, algumas crianças não estão conseguindo ir pra escola porque não tem água pra tomar banho, alguns moradores estão pagando pra tomar banho no posto de combustível, essa situação não é brincadeira. Precisamos de ajuda”. A presidente do bairro solicitou auxílio, também, de supermercados de Ijuí que queiram enviar água pra que os moradores possam tomar.
Ouça abaixo o relato da moradora: 

O secretário de Desenvolvimento Urbano, Obras e Trânsito de Ijuí, Fábio Franzen, disse à reportagem da Rádio Progresso que o município está tentando solucionar o problema de forma urgente. Citou que ontem (24) houve uma reunião entre Executivo, moradores do Bairro das Chácaras e a superintendência da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Afirmou que o Poder Executivo não está omisso a situação e que o município está comprando caixas D’Água móveis para instalar em alguns locais daquela região que serão abastecidas de acordo com a necessidade dos moradores. Ouça abaixo: 

Nesta tarde, nova reunião acontecerá em Cruz Alta, na sede do DNIT, entre a Corsan, a superintendência do DNIT, o Governo de Ijuí e representantes da comunidade, para tratar do tema. O Poder Executivo não descarta a possibilidade de ingressar com Ação Civil Pública em face da Corsan, haja vista a ausência de propostas resolutivas.

A Rádio Progresso buscou o posicionamento da Corsan sobre o tema, que enviou a resposta em nota:

“A interrupção no fornecimento de água no bairro Chácaras, em Ijuí, tem ocorrido devido aos constantes rompimentos de rede na BR-285, causados pelas obras de duplicação da rodovia, que estão sendo feitas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Quando a Corsan é comunicada sobre o rompimento, as equipes fazem o conserto imediatamente e mantêm os registros fechados para fazer o expurgo na tubulação e descartar a água em diversos pontos. Nesses casos, quando o abastecimento é reativado, eventualmente ainda pode ocorrer mudança de coloração da água, por causa do desprendimento de partículas que se formam na rede pelo ressecamento. A Corsan recomenda aos clientes que observarem coloração alterada entrem em contato com a Companhia pelo WhatsApp (51) 99704-6644, aplicativo Corsan (disponível no telefone celular, nas versões Android e IOS), site www.corsan.com.br (na Unidade de Atendimento Virtual) ou por ligações gratuitas pelo 0800.646.6444. As providências são tomadas com prioridade nessa situação. A Corsan vem mantendo contato com a Superintendência do Dnit para que sejam adotadas em conjunto medidas de prevenção aos rompimentos de tubulações durante a obra na rodovia. A Companhia ressalta que a água distribuída à população passa por rigoroso processo de purificação. Somente depois de todos os procedimentos de controle de qualidade, com mais de 500 testes diários de amostras, feitos nos laboratórios da empresa, é que a água sai das estações de tratamento e daí para os reservatórios, onde é armazenada para ser enviada aos clientes. As amostras passam também pelo Laboratório Central de Águas, localizado em Porto Alegre e que atende os 317 municípios do Rio Grande do Sul abastecidos pela Corsan. São monitorados cerca de 100 parâmetros exigidos pelas portarias de Potabilidade, do Ministério da Saúde, e de Agrotóxicos, da Secretaria Estadual de Saúde. Desta forma, a água chega às torneiras sem risco da permanência de algum elemento que possa ocasionar riscos à saúde”

Nossa reportagem também entrou em contato com o DNIT- Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, para averiguar qual o posicionamento a respeito da situação. A assessoria de comunicação também respondeu, em texto: 

“Estamos desde outubro em contato com a Corsan para eles fazerem algo. Antes ocorreram três audiências públicas. Desde Outubro estamos enviando ofícios, e-mails, já fizemos mais de três reuniões, inclusive uma em final de janeiro. Todas as semanas, na segunda-feira ou domingo a noite, enviamos a programação semanal dos serviços por e-mail. Quando encontramos um tubo, enviamos e-mail para Corsan com foto, pedindo para eles removerem (e nunca removem). O que vamos fazer se escavamos para fazer uma rua lateral para toda população e tem um tubo bem no meio?  As redes da Corsan estão irregulares na rodovia, foram implantadas sem autorização. Eles não tem documento autorizando a se instalarem. A Ceriluz e Demei estão removendo as interferências de comum acordo com as solicitações do DNIT. Enviamos e-mails com as interferências para Corsan, ou mesmo quando algum tubo é atingido, e a mesma ao invés de remover, vai lá e apenas remenda a tubulação. Temos todas estas informações registradas, os mesmos já foram notificados e oficiados pelo DNIT, e mesmo assim, as ações são somente no sentido de remendar os canos e não resolver o impedimento”.