Operação Hades 2 desmantela célula criminosa que comercializava agrotóxicos proibidos no Brasil

A Polícia Civil, com apoio da Brigada Militar e da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, deflagrou nesta sexta-feira (23/6) a Operação Hades 2, visando combater uma célula criminosa envolvida na venda ilegal de agrotóxicos proibidos no Brasil. A ação resultou na prisão de quatro pessoas e na apreensão de galões do agrotóxico Paraquat, cabeças de gado ilegal e vinhos estrangeiros. A operação foi realizada nas cidades de Porto Lucena, Porto Xavier, Santa Rosa e Santo Ângelo, após uma investigação de seis meses coordenada pela Draco de São Luiz Gonzaga e pelo Departamento de Polícia do Interior (DPI) da Polícia Civil.

A célula criminosa, cuja sede principal era a cidade de Porto Lucena, utilizava estrategicamente cidades próximas à fronteira com a Argentina para distribuir e vender os agrotóxicos ilegais. O grupo contava com quatro principais vendedores, que atuavam diretamente junto aos produtores rurais do estado. Além disso, pelo menos três fornecedores forneciam apoio logístico, utilizando pontos estratégicos na zona rural de Porto Lucena para armazenar e esconder os produtos. Uma ilha no rio Uruguai, na fronteira com a Argentina, também era utilizada para esse fim.

Durante a investigação, foi descoberto que um dos chefes do esquema criminoso era vereador em um dos municípios alvos das buscas. Áudios coletados indicam que o vereador realizava a venda de agrotóxicos proibidos, inclusive durante as sessões legislativas. Ele foi preso em flagrante transportando 500 litros do agrotóxico Paraquat, no valor de mais de R$ 50 mil. O vereador responderá a um inquérito policial por venda e transporte ilegal de agrotóxicos, associação criminosa e outros crimes. Uma cópia da investigação será encaminhada ao Ministério Público e à Câmara Municipal para análise de possível violação do decoro parlamentar.

A Operação Hades 2 mobilizou mais de 90 policiais civis e militares, além de 13 fiscais, que utilizaram 38 viaturas e duas embarcações. Essa operação é uma continuação da Operação Hades 1, realizada no final de 2022, e faz parte da Operação Hórus da Polícia Civil, que conta com diversas fases em andamento. Todo o trabalho conta com a coordenação da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência e da Coordenação-Geral de Fronteiras e Amazônia do Ministério da Justiça e Segurança Pública, bem como da Secretaria da Segurança Pública do RS.

O Paraquat, agrotóxico apreendido durante a operação, é conhecido pela sua alta toxicidade e foi proibido no Brasil desde 2017 devido a estudos que indicaram associação com diversas doenças degenerativas. Atualmente, contrabandeado principalmente da China e da Índia, o Paraquat chega ao Brasil através das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Além de ser um produto proibido e ilegal, sua entrada no país prejudica as empresas nacionais, causando concorrência desleal e sonegação de impostos.